tag:blogger.com,1999:blog-36991391253994015592024-02-19T13:14:59.354-03:00Janelas QuebradasOpiniões e considerações sinceras sobre temas diversos, vindas de um engenheiro que escreve nas horas vagas (ou o contrário).Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.comBlogger140125tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-44687839273143415762015-10-08T22:04:00.001-03:002015-10-08T22:04:42.320-03:00Como não oferecer uma vaga de empregoCom o meu recente desemprego, começou a <i>peregrinação</i> por uma vaga de emprego. A internet está cheia de materiais sobre o que <i>não colocar no currículo</i>, sobre como se comportar numa entrevista e afins, então vamos ao outro lado da moeda: <b>como não oferecer uma vaga de emprego</b>, mas do ponto de vista de quem procura por uma oportunidade.<br />
<br />
Não vou nem entrar naquilo que <b>beira o ridículo</b> (como <a href="http://boo-box.link/23LZY">essa vaga</a>, que vi no Twitter) ou que <b>caracteriza preconceito</b> (como <a href="http://boo-box.link/23LZZ">esta outra</a>). Não vou nem entrar nos <b>salários esdrúxulos</b> oferecidos por algumas empresas por aí - ironicamente, as mesmas que comemoram lucro após lucro.<br />
<br />
Primeiro erro: diga que você <b>quer simplesmente</b> um engenheiro, um desenvolvedor, ou qualquer outro profissional. <b>Não deixe claras</b> as atribuições e responsabilidades que esse profissional terá. <b>Não deixe claros </b>os requisitos da vaga. Você sabe que ele irá trabalhar com <i>alguma coisa</i>.<br />
<br />
Após: tenha um textão - quanto mais prolixo melhor - cheio de informações genéricas ou óbvias. Se eu tivesse um real para cada vaga onde vi <i>o candidato deverá ser capaz de trabalhar em equipe</i>, <i>o candidato deverá ser disciplinado e responsável</i> e outros óbvios ululantes (qual empresa quer um funcionário sem disciplina, mesmo?), eu não precisaria de um emprego.<br />
<br />
Para cargos técnicos, <b>não mencione</b> quais as tecnologias empregadas pela empresa. <b>Não fale nada </b>sobre processos e metodologias que a empresa adota, sobre certificações, <b>nem fale</b> sobre como você fornece possibilidades de qualificação para os seus colaboradores.<br />
<br />
Tenha um <i>site</i> mal-feito, no qual as informações estejam perdidas. De preferência, esse <i>site</i> deverá ter vindo direto do século passado - ainda que você seja uma empresa de tecnologia. Afinal, procurar emprego deve ser uma atividade ingrata, quase uma punição. E não dê nenhum retorno, nem um <i>muito obrigado, recebemos seu currículo</i>.<br />
<br />
Por fim, <b>não aceite fazer</b> uma entrevista remota. Ainda não existe Skype, e você terá que gastar horas e horas de telefone conversando com um possível candidato que esteja longe da sede de vocês. Esqueça que nem todo mundo tem disponibilidade de viajar para uma entrevista.<br />
<br />
Tudo isso irá garantir que os possíveis candidatos se desinteressem ou encontrem dificuldade para se candidatarem - mas tudo bem, <i>talvez</i> seja isso que os recrutadores queiram: nesse processo, potenciais colaboradores terão demonstrado sua resiliência e sua capacidade de persistir na resolução de um problema.<br />
<div>
<br /></div>
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-53483488329269242642014-12-06T22:06:00.003-02:002014-12-07T12:26:02.905-02:00Existe vida além do feed<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTHN9W9DvwHOMEi5skeVeFBW1N4wv_xmXQZC5mxEVc_twAoWhWMh635a74NPv_7vj9F9sT2M2Itz543J0ftVNaylbndhCEbrC4frDKikytbnhKDabdSfQWo-YO8X4z9rC12SahCtwEOXA/s1600/10430362_664737113647514_5058804327389725032_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTHN9W9DvwHOMEi5skeVeFBW1N4wv_xmXQZC5mxEVc_twAoWhWMh635a74NPv_7vj9F9sT2M2Itz543J0ftVNaylbndhCEbrC4frDKikytbnhKDabdSfQWo-YO8X4z9rC12SahCtwEOXA/s1600/10430362_664737113647514_5058804327389725032_n.jpg" height="263" width="400" /></a></div>
Uma das melhores coisas que fiz para minha produtividade foi instalar a extensão <a href="https://chrome.google.com/webstore/detail/kill-news-feed/hjobfcedfgohjkaieocljfcppjbkglfd">Kill News Feed</a> no Chrome. Como o nome já diz, ela mata o <i>feed</i> de notícias do Facebook e me ordena a não me distrair com ele. Fiz isso como forma de me obrigar a não passar tanto tempo lá e, principalmente, a não entrar em polêmicas e nem me desgastar lendo textões ou discursos de ódio e preconceito camuflados de <i>opinião</i>.<br />
<br />
É estranho pensar dessa forma, já que o Facebook vende o <i>feed</i> de notícias como sendo uma importante funcionalidade. Afinal, é onde eu posso ver tudo que meus amigos postam - desde que eles paguem (ou citem meio mundo, ou coloquem imagens apelativas) para colocar o texto deles lá em cima. Importante, sim, para ele que pode encher tudo de links patrocinados (ainda que irrelevantes para mim) ou que pode colocar conteúdo que SUPOSTAMENTE deveria ter relação comigo - embora na prática não tenha.<br />
<br />
Na prática ela agrega o que há de pior no Facebook. Bate-bocas desnecessários e improdutivos, links virais, discursos desprezíveis, gente cujo objetivo existencial é postar <i>selfies</i> (e ganhar milhares de curtidas) ou um <i>peidei</i> de uma celebridade da internet que também ficou famoso.<br />
<br />
Nada do Facebook além do <i>feed</i> de notícias deixou de existir:<br />
<br />
<ul>
<li>posso usar o chat (um dos principais motivos para eu não tê-lo deletado);</li>
<li>posso criar listas com pessoas/páginas que me interessam (forma de filtragem de conteúdo);</li>
<li>posso usar grupos (embora a maioria deles já não valha a pena);</li>
<li>posso enviar fotos, compartilhar coisas, etc... e ver as curtidas e os comentários;</li>
<li>posso interagir manualmente com as páginas que eu gosto: se alguém curtir/comentar/me marcar ou responder a um comentário eu recebo notificações;</li>
<li>ainda posso acessar o <i>feed</i> de notícias no celular/tablet - que é o que eu faço, pois em geral uso ele quando preciso matar tempo.</li>
</ul>
<br />
E o resultado não poderia ter sido melhor, estou conseguindo ser bem mais produtivo e sofro menos encheções de saco. Não sinto a tentação de ir <i>só para ler os comentários</i> (estranho masoquismo o meu) ou para ver se uma página postou algo novo. Não preciso deixar de curtir nenhuma página, não vejo a mesma notícia requentada ou a porcaria que <i>viralizou</i>. Leio uma ou duas vezes por dia a página que eu quero e pronto.<br />
<br />
De certa forma, o <i>approach</i> que adotei me lembra do Orkut: eu tinha que correr atrás das comunidades que me interessavam, o conteúdo não era entregue em mãos. Ou o de uma revista (ao contrário do <i>feed</i> de notícias, que parece um jornal com notícias velhas, e - principalmente depois dessas eleições - um panfleto que veio direto da Guerra Fria).<br />
<br />
<i>Mas então por que você não deleta o Facebook?</i> Tem horas que eu gostaria. Infelizmente, por mais que tenha tentado, não posso/quero deletar o Facebook pois uso vários aplicativos que usam ele como login, e em algumas situações ele é útil ou ao menos necessário.<br />
<br />
Recomendo a todos aqueles que tem sua produtividade prejudicada pelo Facebook, ou que enlouquecem vendo a péssima relação sinal/ruído, que ao menos tentem a Kill News Feed: não dói nada, nada de valor é perdido, e talvez você descubra que não, você não precisa consumir (e, no processo, enlouquecer) o <i>feed</i> de notícias até o fim.<br />
<div>
<br /></div>
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-33624040219665448692014-10-06T21:54:00.002-03:002014-10-07T10:15:37.966-03:00O gigante voltou a dormir<blockquote class="twitter-tweet" lang="en">
<span style="font-family: inherit;">o gigante acordou, deu uma coçada na bunda, virou pro lado e dormiu de novo pois não gosta de política e é ~contra tudo isso que está aí~</span><br />
<span style="font-family: inherit;">— clara averbuck (@claraaverbuck) <a href="https://twitter.com/claraaverbuck/status/518913325988847616">October 5, 2014</a></span></blockquote>
<span style="font-family: inherit;">Há um ano e uns meses atrás, todos iam às ruas. Pediam justiça, pediam o fim da impunidade, pediam o fim da corrupção. Pediam mudança, e esperava-se que nas urnas isso se refletisse. Porém, não vimos isso: não se pode falar que era <i>falta de opção</i>, pois haviam candidatos para todos os gostos de forma que, se houvesse interesse, ninguém seria reeleito.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Testemunhamos a (re)eleição de vários candidatos extremamente preconceituosos (por exemplo, no RS elegemos <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Carlos_Heinze">um deputado federal</a> que se orgulha de ter dito que índios, gays, lésbicas e quilombolas 'não prestam'). Aliás, preconceitos se recrudesceram e se revelaram.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Nunca tivemos um congresso <a href="http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,congresso-eleito-e-o-mais-conservador-desde-1964-afirma-diap,1572528">tão conservador</a> - motivado, em parte, pela figura do <i>cidadão de bem</i> que não consegue imaginar as minorias - LGBTs, negros, indígenas, mulheres - com os mesmos direitos que eles, que gostaria de que o Brasil tivesse bomba atômica <i>pra fazer uma faxina </i>(sim, já ouvi isso), que ainda relaciona desmatamento e poluição com <i>desenvolvimento </i>e que só quer melhorias para seu grupinho.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Podemos nos preparar para prejuízos na educação (projetos para ensinar a diversidade já morrem ali mesmo), na saúde (direitos reprodutivos sendo negados às mulheres, atendimento sendo negado a LGBTs e outras minorias), na ciência (que coloca em xeque as crenças religiosas e, muitas vezes, <i>não dá lucro</i>), no meio-ambiente (que não escapará da mão ágil dos ruralistas para derrubar, contaminar e intoxicar), entre outros.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Dizem que os políticos representavam (ou deveriam representar) o povo; todavia, não lembro de estarmos milionários, mas elegemos principalmente <a href="http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/blog/eleicao-em-numeros/post/quase-metade-da-nova-camara-dos-deputados-sera-formada-por-milionarios.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1">políticos ricos</a> - que pouco ou nada farão pela maioria pobre e pela classe média.</span><br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Na melhor das hipóteses, teremos mais quatro longos anos de inércia. Políticas que funcionam <i>mais ou menos</i> continuarão sendo aplicadas até que se atinja o ponto de saturação ou que as consequências batam à nossa porta. Remendos que eram para ser temporários irão convergir ao ponto de lei. </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Na pior das hipóteses, o resultado é imprevisível, mas é imaginável a partir da estirpe eleita e dos seus eleitores. Continuaremos liderando o ranking dos crimes de ódio, remoções forçadas serão comuns, bateremos recordes de crueldade contra o meio-ambiente, atacaremos apenas efeitos e não causas, negaremos aquilo que está na Constituição.</span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Muito se falava que o Brasil caminhava para uma tal </span><i style="font-family: inherit;">ditadura comunista</i><span style="font-family: inherit;"> (o que é tão real quanto unicórnios voadores), mas agora considero que existe o sério risco de - se não oficial, de forma velada - uma </span><i style="font-family: inherit;">ditadura evangélica/ruralista</i><span style="font-family: inherit;">, machista e misógina, viciada na força, na falácia do desenvolvimento ilimitado e do lucro a qualquer custo.</span><br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Esperava mais, muito mais. Achei que o gigante tinha acordado, mas aparentemente ele estava apenas sonâmbulo, acordou, ficou uns minutinhos em pé e voltou a dormir. E gostaria de ver se o mecanismo irá se repetir nos próximos anos (2016 temos eleições para prefeito e vereador) - mas espero que até lá aprendamos a ser minimamente coerentes.</span></div>
</div>
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-87091853692483020572014-07-05T23:36:00.000-03:002014-07-05T23:36:29.463-03:00Sobre acidentes e responsabilidade de engenheirosRecentemente vimos o caso de um <a href="http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2014/07/viaduto-desaba-sobre-caminhoes-carro-e-micro-onibus-em-bh.html">viaduto que desabou</a> matando duas pessoas, e não é raro vermos obras que apresentam diversos problemas (desde erros de projeto até violação de legislação sobre incêndios, acústica etc...), os quais eventualmente resultaram em mortes, prejuízos ou outros problemas sociais.<br />
<br />
Na discussão destes, é muito comum focarmos em problemas políticos (superfaturamento, atraso de obras, etc...) mas <b>raramente se discute </b>a responsabilidade da engenharia nelas.<br /><br />Como futuro engenheiro,<b> eu gostaria de saber</b> o que o CREA - órgão que tem o poder de definir quem pode exercer a engenharia - tem a dizer sobre os engenheiros que trabalharam nessa obra, a responsabilidade deles e quais serão as punições tomadas. Muito provavelmente, nenhuma acontecerá, pois tal órgão é conhecido por não querer criar problemas com seus contribuintes ou com quem os contrata.<br /><br />Coisas <b>raramente</b> acontecem <i>por acontecer</i> em uma disciplina baseada nas ciências exatas, todos os problemas tem uma <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Root_cause_analysis">causa raiz</a> (<i>root cause</i>), certamente <b>posso afirmar</b> que houve negligência (ou imperícia, ou imprudência, ou mesmo a velha e boa irresponsabilidade) envolvida. <br />
<br />
Se houve o uso de materiais de baixa qualidade, ou se o projeto foi mal-feito e não levou fatores específicos em conta, presumivelmente houve a aprovação de alguém - necessária para executar a obra:<b> por que este, então, não é punido? </b>Não consigo encontrar outra solução para um profissional que colocou seu nome sob um trabalho, mas que não assume a responsabilidade sobre ele.<br />
<br />
<br />
Em outros países (aqui isso é feito apenas timidamente) <b>é comum</b>
investigar as causas de acidentes ou desastres com morte ou prejuízo ao
patrimônio, para que sejam definidos protocolos, leis, normas técnicas
ou mesmo para que se reformule a formação das disciplinas envolvidas de
forma a prevenir que volte a acontecer.<br />
<br />Posso falar com mais autoridade na área onde eu trabalho (sistemas embarcados e eletrônica): um caso recente foi um <i>bug</i> no software de <a href="http://www.edn.com/design/automotive/4423428/Toyota-s-killer-firmware--Bad-design-and-its-consequences">alguns veículos da Toyota</a> que, após mortes, resultou em uma enorme investigação cujos resultados apontaram várias negligências, mas infelizmente não encontrei informações (muitas delas são confidenciais) sobre punição a culpados.<br />
<br />
<br />
<br />
Da mesma forma, nos anos 80 ocorreu o caso <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Therac-25">Therac 25</a>, no qual a negligência dos projetistas e desenvolvedores em um equipamento médico, levou várias pessoas a morte por overdose de radiação, simplesmente pois sistemas básicos de segurança e tratamento de erros foram ignorados (o famoso <i>nunca vai acontecer</i>, até que acontece).<br />
<br />
Embora aparentemente não haja ligação entre um viaduto, um carro e um equipamento médico, todos esses eram sistemas críticos: lidavam com vidas. Atividade que <b>não combina</b> com gambiarras, jeitinhos, prazos ridículos, superfaturamentos, orçamentos mal estipulados e profissionais sobrecarregados - realidades que infelizmente são comuns. <br />
<br />
Como resultado do caso Therac 25, criaram-se metodologias para
projeto de software de equipamentos médicos e reforçou-se a importância
da engenharia de <i>software</i> - inclusive das tarefas ditas <i>chatas</i>,
como documentação, controle de qualidade, teste de software etc... e
certamente o caso da Toyota irá resultar em conclusões similares assim
que os acordos de confidencialidade terminarem.<br />
<br />
E eu gostaria de ver o mesmo acontecendo por aqui: nenhum acidente ou falha de projeto terminando engavetados sem que eles levem ao menos a uma revisão das leis, dos procedimentos ou mesmo do ensino de engenharia (aliás, o problema já começa aqui, na graduação pouco vi sobre como projetar ou planejar - mas muito vi sobre como calcular ou escrever código, o que é completamente diferente). <br />
<br />
<br />
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<br />
Temos várias medidas a serem tomadas para combater esses acidentes, inclusive com o uso de um arsenal de ferramentas disponíveis, mas o melhor que poderíamos fazer para evitá-los e, no geral, melhorar a qualidade de qualquer obra ou projeto é - exigir e <b>cobrar</b> responsabilidade de todos os profissionais envolvidos: se uma empresa assina e executa um projeto, <b>todos</b> os envolvidos neste deverão assumir as consequências de eventuais omissões.<br />
<br />
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-12449833677722690962014-05-24T22:00:00.000-03:002014-05-24T22:00:10.446-03:00Quando a coisa aperta...Uma mudança recente no vestibular da UFSM - que foi extinto e substituído pelo ingresso através do ENEM - causou revolta em vários setores da sociedade santamariense. Não vou entrar no mérito da questão social ou da qualidade das avaliações do ENEM, mas sim <b>em outra questão</b>: a reação de alguns órgãos daqui. Prefeitura, associações, câmaras e outros representantes de pequena parcela da sociedade.<br />
<br />
É bastante interessante ver que<b> apenas agora</b>, quando se viram acuados (afinal, a fonte de lucro que era o vestibular deixou de existir), eles decidiram reclamar por alguma coisa. Falam que a UFSM é a principal dinamizadora da economia, e de fato estão razoavelmente certos, mas ignoraram os diversos problemas que já existiam aqui e que prejudicavam ela.<br />
<br />
O primeiro deles - como qualquer santamariense está cansado de saber - é a <b>péssima qualidade do transporte público</b>. Entra ano, sai ano, e os ônibus <b>continuam superlotados</b>, <b>atrasados</b> e a <b>passagem aumentando</b> (já que nunca houve uma real auditoria na composição dos custos dela). Empresas de ônibus que operam na irregularidade ou na ilegalidade - mas não duvido que os donos delas sejam os primeiros a reclamar da corrupção e da impunidade na qual cavalgam e montam seus negócios.<br />
<br />
E <b>nenhuma entidade</b> se mobiliza para melhorar essa situação: pelo contrário, qualquer manifestação sofre repressão em proporções descomunais. Aliás, como muito bem sabemos, a polícia e a justiça estão do lado dessas associações (como é de praxe no Brasil): se alguns setores forem às ruas contra essas mudanças, encontrarão os mesmos tiros, porradas e bombas que os manifestantes <i>inconvenientes</i> (leia-se: os que não vivem na bolha possibilitada pela riqueza do monopólio) encontram? Se algum desses empresários ou negócios da China for investigado, encontrará a mesma punição que um ladrão de galinhas encontra?<br />
<br />
Como o transporte público <b>falhou</b>, o transporte particular encontra-se <b>saturado</b>. Existe uma alternativa que poderia desafogar - <b>temporariamente</b><i> </i>(pois, como vi esses dias, <i>tentar resolver o problema do trânsito aumentando as estradas é como tentar resolver a obesidade aumentando o tamanho do cinto</i>) - o deslocamento para a UFSM, porém, ela precisa ser asfaltada. Mas, novamente, não vimos nenhum desses setores cobrar a realização desta tarefa. Ironicamente, defendem a universidade como fonte de renda para a cidade, mas não defendem a construção dos caminhos que dão acesso a elas. Falta de visão é com eles mesmos.<br />
<br />
Também <b>nunca vimos</b> elas lutarem e buscarem que as cidades tenham direitos básicos garantidos pela Constituição - e que também são <b>fundamentais </b>para o desenvolvimento. Aliás, infelizmente essa é uma constante no país todo: muitos dos os órgãos que gozam de algum poder político apenas o usam para satisfação das suas vontades, sem preocupação com a sociedade.<br />
<br />
<b>Eu gostaria de vê-los com o mesmo interesse</b> na defesa do ensino público (que permitiria que mais pessoas fizessem um curso superior), da infra-estrutura, dos direitos humanos, da cidadania. Em causas que não são diretamente interessantes aos bolsos deles e que não dão lucro. Mas isso não irá acontecer tão facilmente. Aliás, eu gostaria de não ser pessimista, mas tão cedo isso tudo não vai acontecer.<br />
<br />
<b>Posso estender </b>essa crítica a toda a região e, acredito eu, à maioria das regiões brasileiras: há problemas que não cabem apenas a um ou dois municípios, mas a grupos deles. Todas as cidades que são vítimas de estradas de má-qualidade, ou de problemas ambientais, deveriam estar juntas protestando por medidas.<br />
<br />
Porém, <b>não há organização para cobrança de melhorias</b> - afinal, nossa política é uma guerrinha de partidos. Combinações e alianças esdrúxulas são aceitáveis como parte de expandir o poder ou de negociar privilégios para alguns grupelhos ao custo de privar outros daquilo que lhes é de direito, mas não de lutar por melhorias de interesse social ou de corrigir injustiças e deficiências do país.<br />
<br />
Santa Maria passou a vida toda dependendo da UFSM (paga por <b>todos</b> os brasileiros, não apenas pelos santamarienses, e que nada tem a ver com as vontades e caprichos dos órgãos municipais) e, dessa forma, ficou desacostumada. Por falta de infraestrutura - não apenas aqui, mas na região toda - vê oportunidades passar. Tem dificuldade em manter gente formada. E, desse ponto de vista, considero que mereceu perder o vestibular (e espero que não consigam retomá-lo): talvez agora aprenda a investir no que é necessário para o real desenvolvimento.<br />
<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-67868800766954211682014-03-22T23:16:00.000-03:002014-03-22T23:16:15.487-03:00Não produza ruído<blockquote class="twitter-tweet" lang="en">
"If you're annoyed with the signal-to-noise ratio of the Internet, the only way of changing things is to add more signal."<br />
— Jeff Atwood (@codinghorror) <a href="https://twitter.com/codinghorror/statuses/447489029466910720">March 22, 2014</a></blockquote>
<script async="" charset="utf-8" src="//platform.twitter.com/widgets.js"></script><i>(Se você está insatisfeito com a<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/SNR"> relação sinal/ruído</a> da internet, a única forma de mudar as coisas é adicionar mais sinal</i> - ATWOOD, Jeff<i>)</i> <br />
<br />
A qualidade de boa parte das discussões nas redes sociais é péssima. Vemos uma torrente de agressões, de <i>trollagens</i> e <i>zueiras</i>, de gente que sistematicamente mistura fatos com emoções e ideologias, de gente que emite mentiras e falácias (como os famosos boatos e montagens que todos estamos cansados de ver), entre outros comportamentos nocivos. <br />
<br />
Torna-se cansativo, após um tempo, ver gente que<b> intencionalmente distorce a fala</b> do outro para incriminá-lo. Falsas dicotomias abundam: ou você é eleitor do PT ou você é eleitor do PSDB. Ou você é incondicionalmente capitalista ou você é comunista. Ou você está contra mim ou você está a favor de mim. Você precisa ser a favor de soluções drásticas, superficiais e imediatistas.<br />
<br />
<br />Os mesmos "argumentos" já batidos são repetidos à exaustão: notícias falsas acabam se tornando verdade, e quem ousa - em um fútil exercício de paciência - questionar a veracidade das afirmações é agredido.<br />
<br />
Aliás, é interessante ver que a mesma pessoa, que prega o ceticismo e o método científico, que vomita por todos os cantos que é <i>racionalista</i> e <i>não alienada,</i> <b>cai nesses erros</b>. Compartilha a informação sem verificar se ela é correta, ao mesmo tempo em que critica quem faz isso. <br />
<br />
Por sinal, nessas horas entendo que o ensino e a prática de lógica deveriam ser feitas <b>desde o ensino fundamental até a pós-graduação</b>: na melhor das hipóteses, melhorariam a qualidade da discussão, na pior das hipóteses, permitiriam ao menos que pessoas apontassem os erros de lógica e de argumentação.<br />
<br />
Alguns fazem isso com nome real: se por um lado isso até parece bom (pelo simples fato dessas pessoas terem a integridade de dar a cara a tapa em vez de se esconder atrás de um <i>fake</i>), na verdade eu sinto pena de gente que diz ostentar um nível educacional supostamente alto ao mesmo tempo em que demonstra total ignorância sobre os temas que discute.<br />
<br />
<b>É tristemente interessante </b>ver uma pessoa com um doutorado, ou em um cargo de alta responsabilidade dentro de uma empresa, distribuindo xingamentos gratuitos e papagaiando as mesmas falácias repetidamente.<br />
<br />
<b>Há um bom tempo já não me envolvo mais nelas. </b>Nem mesmo as acompanho, e recomendo isso a todos: aproveite o tempo que você vai ganhar para se informar sobre os temas sendo discutidos. Nenhuma discussão é proveitosa quando os argumentadores não estão minimamente aptos a discutir aquilo de forma um pouco mais profunda do que "deu no jornal", "li na Wikipedia" ou "no Blog do Fulano dizia isso".<br />
<br />
Melhore sua vida: não se misture com o ruído do bate-boca nas 'discussões' em comentários de sites (aliás, <a href="http://renanbirck.blogspot.com.br/2013/03/nao-leia-os-comentarios.html">já falei sobre esse tema</a>), redes sociais etc.... Já que reduzir o ruído é difícil (e, de alguma forma, ele sempre existirá), adicione sinal.<br />
<br />
Para os moderadores de sites: é <a href="http://renanbirck.blogspot.com.br/2011/07/se-o-seu-site-esta-cheio-de-babacas-e.html">obrigação sua </a>eliminar os babacas, mesmo que isso signifique perder cliques.<br />
<br />
<br />
<script async="" charset="utf-8" src="//platform.twitter.com/widgets.js"></script>Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-7349273794303315362014-01-16T20:56:00.000-02:002014-01-16T20:56:19.938-02:00Não foi um suicídioRecentemente<a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1398366-adolescente-gay-e-achado-desfigurado-apos-se-perder-em-festa-em-sp.shtml"> vimos o assassinato cruel de um jovem</a>, com claras indicações de ter motivação homofóbica: além de ter ocorrido nas proximidades de uma festa gay, não consigo imaginar que um <i>ladrão de galinhas</i> seria tão brutal com a vítima.<br /><br />Em qualquer outro país minimamente desenvolvido - o que não significa apenas desenvolvimento econômico, ao contrário do que certo governo quer - casos como esse não seriam registrados como <i>suicídio</i>: <b>seriam registrados como assassinato</b>, com possível caso de <b>homofobia.</b><br /><br />No fundo, isso <b>não é diferente</b> de qualquer estratégia empregada em ditaduras: fazer tudo virar suicídio para que não pareça ser um problema. Foi assim no Brasil dos anos 70, nas ditaduras na Europa, no nazismo, na União Soviética etc... e passava batido. <br /><br />Como sempre, o governo (inclusive a Presidenta) <b>não se posicionam</b>: não tomam medidas e - como precisam do apoio da bancada evangélica para execução do seu plano de poder - aceitam que teocratas, <b>convenientemente</b> e <b>deliberadamente</b> ignorando o <i>amar ao próximo</i> e o <i>não julgar</i> que estão nos livros sagrados de suas religiões, interfiram nas leis anti-preconceito (como o PLC 122 que foi <b>sumariamente enterrado</b>).<br /><br />Teocratas esses que<b> não querem educação</b> para a diversidade e a tolerância - o que é fundamental numa sociedade <b>tão falida</b> que precisa ser obrigada a respeitar os outros sob pena de punição, que precisa de leis e de ameaça de prisão para tudo - e, <b>embora nunca tendo apresentado projetos</b> para tentar melhorar o país, querem aumentar cada vez mais seus privilégios: isenção fiscal disso e daquilo. Direito ao ódio. Impunidade. E conseguem, <b>pois são uma bancada extremamente organizada</b>... mas apenas quando é para para saciar suas próprias necessidades.<br /><br />Pregam o ódio abertamente em seus templos e nos seus programas bombásticos de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Televangelismo">televangelismo</a>. <b>Mentem para as pessoas</b>, ignorando completamente os dez mandamentos, a Bíblia e a 'palavra de Deus' da qual se dizem profetas. Na desgraça do outro, veem a oportunidade de manipular e de mentir [2] para arrecadar dízimos cada vez maiores. O que Deus pensaria da ganância e da mentira destes? <br />
<br />E o povo, também, não vai reclamar justiça, afinal para muita gente os gays não são os <i>cidadãos de bem</i>, eles são um <i>mau exemplo para a sociedade</i>, eles querem <i>corromper as crianças</i>. Eles são a culpa de toda a desgraça da sociedade.<br /><br />Para essas pessoas - inclusive, como já testemunhei, gente com nível superior (ou seja, <b>não se pode falar</b> que essas pessoas não tiveram acesso à educação [1]) - ser gay é uma <i>opção</i> (eu sinceramente gostaria que me mostrassem quando eu escolhi ser ou não gay ou hétero, não lembro de ter aparecido um menu ou um formulário na minha frente) ou uma <i>frescura</i> (<i>por que na minha época, meu pai ia sentar a porrada em mim se eu fosse viado</i>). Para elas, <i>já existe muita propaganda gay</i> (se é para usar esse termo idiota: que estranho, o que eu mais vejo é <i>propaganda hétero</i>, e nem por isso alguém deixa de ser gay).<br /><br /><b>Quantas mortes </b>por machismo e homofobia, <b>quantas mortes</b> por preconceito,<b> quantos discursos de ódio</b> serão necessários para que algo seja feito? Pelo andar da carruagem, <b>um número infinito</b>, pois fazer algo afeta os planos do governo de não ter nenhuma dissidência, requer que seja violada a tal da <i>governabilidade</i>, e obriga ele a fazer algo.<br /><br /><i>É difícil fazer um homem compreender algo quando seu salário depende, acima de tudo, que não o compreenda.</i> -- Upton Sinclair<br /><br />[1] Costumo afirmar que educação significa, muitas vezes, <b>apenas conhecimento</b>: <b>nada diz</b> sobre caráter e honestidade. Muita gente tachada de <i>burra</i> é mais honesta e sincera do que pessoas <i>inteligentes</i> que conseguem achar escapatórias e justificativas para tudo, que jogam com palavras para enganar as pessoas e que conhecem todas as artimanhas para não serem pegos. Mas divago.<br /><br />[2] <i>O pessimista vê em cada oportunidade uma dificuldade; o otimista vê em cada dificuldade uma oportunidade</i>. <br />
<br />
<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-19946113689930264202013-12-24T16:58:00.001-02:002013-12-24T16:58:04.695-02:00"Não serve para nada"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikthdiQqgz51Nwu_ldx2wiDN3xnaMqJVdC5rx3-uneDmthQ6pbN12O4hbMptAAFEd0B348hkkueFW6ErzjA3YIKb7_KoAoNnJNxBUvgw_dO9LMIRElGSpvzjPcbTaS3sQ1gobNwtpHMxI/s1600/4273968004_ff18dbdc0e_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikthdiQqgz51Nwu_ldx2wiDN3xnaMqJVdC5rx3-uneDmthQ6pbN12O4hbMptAAFEd0B348hkkueFW6ErzjA3YIKb7_KoAoNnJNxBUvgw_dO9LMIRElGSpvzjPcbTaS3sQ1gobNwtpHMxI/s400/4273968004_ff18dbdc0e_o.jpg" width="266" /></a></div>
(Obs.: Nesse texto vou me manter nas exatas, considerando que é a área na qual mais me envolvo, porém muitos dos argumentos podem ser adaptados para as humanas e as sociais)<br /><br />É relativamente comum ver pessoas reclamando de pesquisas que <i>não servem para nada</i>. <i>Estão jogando dinheiro público fora</i>, reclamam. <i>Estão gastando dinheiro em pesquisas enquanto pessoas morrem de fome</i>, dizem.<br /><br />Ignorando os óbvios erros de raciocínio (a saber: não são as pesquisas que causam a fome mundial, e um país cuja sociedade vê pesquisa como 'jogar dinheiro fora' está condenado ao atraso), simplesmente: a pesquisa não tem nenhuma obrigação de <i>servir para alguma coisa</i> quando isso não é o objetivo dela.<br />
<br />
Muitas pesquisas básicas podem não ter aplicação hoje, mas terão amanhã: sem a mecânica quântica você não estaria lendo esse <i>blog</i>, pois não existiria a microeletrônica, e também estaríamos atrasados na química, na biologia e na medicina (esqueça o diagnóstico por imagem, por exemplo). <br /><br />Sem o desenvolvimento da matemática, em áreas como a lógica e a criptografia, não teríamos a computação. Nada do que você usa existiria, não fosse pelas muitas pesquisas que criaram uma base para permitir o desenvolvimento dessas. E já que eu falei em matemática, <a href="http://mathoverflow.net/questions/2556/real-world-applications-of-mathematics-by-arxiv-subject-area">neste post no Math Overflow</a> encontrei uma lista de aplicações de diversos tópicos da matemática: divirta-se. <br />
<br />Todas essas áreas <i>não tinham aplicação</i>, ou mesmo não existiam, até uns 100 anos atrás. Nada impede que o que <i>não tem aplicação</i> hoje sirva amanhã para, por exemplo, possibilitar viagens no tempo, o teletransporte, ou (sendo mais realista) uma nova forma de projetar equipamentos, de diagnosticar e curar doenças, etc...<br /><br />E por sinal, muitas dessas teorias <b>nasceram da necessidade de resolver problemas reais</b>. Surgiram da necessidade de justificar fenômenos que a teoria anterior - embora correta até certo ponto - não explicava, ou do desejo de uma forma mais eficiente de resolver um problema. A pesquisa básica realimenta a pesquisa aplicada, e vice-versa.<br /><br />Infelizmente, essa mentalidade já faz parte de uma cultura imediatista, onde tudo é pautado pela necessidade de <i>dar dinheiro</i>, de ser disruptivo, de mudar o mundo, de gerar grandes sucessos (onde define-se sucesso por <i>ter status</i>, <i>ser influente</i> e <i>ganhar dinheiro</i>). E que, pelo andar da <i>geração Y</i> e posteriores, tão cedo não vai mudar. Mas divago.<br /><br />A segunda crítica (...<i> gente morrendo de fome</i> ...) é bem comum quando se fala em exploração espacial. Ignora-se toda a pesquisa envolvida nas missões e sondas enviadas para outros planetas. Sem a exploração espacial, você não estaria usando comunicações sem fio e você teria que jogar fora boa parte da aviação (a qual se beneficiou dos sistemas de alta confiabilidade necessários para exploração espacial) - além de outras áreas onde são usados sistemas críticos.<br /><br />Além disso, essa crítica coloca nos cientistas uma culpa que não é deles, ao mesmo tempo em que ignora que os governos cada vez mais reduzem seus orçamentos para ciência, ignora as dificuldades do fazer ciência, entre outros problemas de um pensamento imediatista. Ignora que a fome e outros problemas da humanidade, em si, é um problema <b>principalmente social, político e econômico</b>, não tecnológico.<br /><br />E para piorar, ignora <b>todos os benefícios da pesquisa científica</b> a um país que nela investe: formação de profissionais capacitados, desenvolvimento de infra-estrutura etc... <br /><br />Nenhuma pesquisa bem-feita (ignorando, obviamente, a pseudociência, a pesquisa feita sem planejamento adequado, sem rigor e sem objetivos claros etc...) <i>serve para nada</i>. Na pior das hipóteses, abre caminhos para novas pesquisas; mesmo um resultado de falha pode sinalizar <i>o que não deve ser feito</i>, <i>o que não funciona</i>. Pode ser que não se descubra um caminho novo, mas demonstra quais caminhos são sem saída.<br /><br />Nem tudo requer uma aplicação instantânea: <b>precisamos -</b> como nunca<b> - da pesquisa básica</b>. É ela que, como o seu próprio nome diz, fornece a base para a inovação tecnológica; fornece ferramentas que poderão ser utilizadas em diversas áreas do conhecimento. <br />
<br />
(Foto: <a href="http://www.flickr.com/photos/horiavarlan/4273968004/">Horia Varlan</a>/Flickr, licenciada sob Creative Commons)Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-69789313151372249882013-11-30T20:27:00.002-02:002015-07-04T00:36:27.189-03:00"Review": Moto G<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Meu Galaxy Ace morreu há um tempo atrás. Edit: <b>e o Moto G também morreu no dia 03/07/2015. </b></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Fiquei sem smartphone por um tempo, considerei vários modelos (Razr D3, Razr I, Nexus 4, Optimus L5/L7, e até pensei em dar uma chance à Nokia e seu Windows Phone) e felizmente eu não me precipitei em comprar: apareceu o Moto G.</span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><b>tl;dr</b>: Pelo preço, considero que é um ótimo aparelho (eu paguei a mesma coisa no meu antigo Ace lá em 2011). </span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">A maioria dos aplicativos roda perfeitamente (o único que rodou de forma não-ideal foi o Google Earth: notei lentidão no Street View), embora eu não tenha testado jogos pesados: testei Angry Birds, Candy Crush e mais alguns outros.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Não tive problema de crashes; talvez seja muito cedo para dizer, mas não tive problemas de travamento do aparelho (se comparar com o Ace, que bastava olhar torto para travar ou ficar lento).</span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">O Android 4.3 dele é bem padrão, limpo, não padece das modificações realizadas por outros fabricantes. Integra perfeitamente com os serviços do Google. </span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">A câmera é adequada: ao dar zoom na foto fica fácil ver que ela ficou pixelada, que ela perdeu detalhes. Para a maioria dos usos de smartphones (tirar fotos de comida para botar no Instagram e fotos no espelho para colocar no Facebook - aliás, nem precisa de foto no espelho devido à câmera frontal), é razoável. Bem que a Nokia podia licenciar a tecnologia de câmeras dela para os outros fabricantes ou largar o Windows Phone. Alguns exemplos de fotos tiradas com ele:</span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkaJhzzPA9xW9jsW16RJ8SrZ-Nl_QWHwwBEs3MxU08NWfKx6AX1vaQOYCdVQY-YaiDwewNQ-w_ualCtZGAX3BXTt7_eROqZtbiQsDpO1YCGWNWGkGr7rgB9DVgQZHUhGGDhAlfx6c5vtg/s1600/2013-11-29+07.49.56.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkaJhzzPA9xW9jsW16RJ8SrZ-Nl_QWHwwBEs3MxU08NWfKx6AX1vaQOYCdVQY-YaiDwewNQ-w_ualCtZGAX3BXTt7_eROqZtbiQsDpO1YCGWNWGkGr7rgB9DVgQZHUhGGDhAlfx6c5vtg/s320/2013-11-29+07.49.56.jpg" width="179" /></a></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOa6zqkZt_Nx7DUCkRUuipX9HKzD_Z-fCUVfbiIS2C-IrwEnM_k3ppj79Y0vpCYWjdQEmf1zU2oaBd8RU_IMINIjbDQcZ4tCzh_z8ZjpPXrXv2xO8VNDW0dTX9ZeTIFuB0fmOf8_rQEdc/s1600/2013-11-29+10.19.54.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOa6zqkZt_Nx7DUCkRUuipX9HKzD_Z-fCUVfbiIS2C-IrwEnM_k3ppj79Y0vpCYWjdQEmf1zU2oaBd8RU_IMINIjbDQcZ4tCzh_z8ZjpPXrXv2xO8VNDW0dTX9ZeTIFuB0fmOf8_rQEdc/s320/2013-11-29+10.19.54.jpg" width="320" /></a></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOfjq8wEymwRIRSGMyV2rYyEGYWj62wk7FWpOKbC291OvrKkzUxDaRhwBzhqppn-ERRRIMqEtaZxIN13aGICzSFXk07KVSZzI_Z95gKvLPZN4umsJWFqSSxuEjebBKH2C8J9L5oaFhaqc/s1600/2013-11-29+12.02.42.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOfjq8wEymwRIRSGMyV2rYyEGYWj62wk7FWpOKbC291OvrKkzUxDaRhwBzhqppn-ERRRIMqEtaZxIN13aGICzSFXk07KVSZzI_Z95gKvLPZN4umsJWFqSSxuEjebBKH2C8J9L5oaFhaqc/s320/2013-11-29+12.02.42.jpg" width="320" /></a></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCSP92jUNrcgRg7B7YAf1ZRiXdtzy1PQVqk-TAEganxDc17apK9tUZNf2ZwD0MdOh6aAZFyKws2ToD1AOPCNQtFkV9Wov-kh4ZRtA-by2_7DfNKRw1Rji_5moOE7mJhsg36CzonP0vd7A/s1600/2013-11-30+13.21.54.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCSP92jUNrcgRg7B7YAf1ZRiXdtzy1PQVqk-TAEganxDc17apK9tUZNf2ZwD0MdOh6aAZFyKws2ToD1AOPCNQtFkV9Wov-kh4ZRtA-by2_7DfNKRw1Rji_5moOE7mJhsg36CzonP0vd7A/s320/2013-11-30+13.21.54.jpg" width="320" /></a></span></div>
<div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: inherit;">A câmera frontal não serve para muita coisa, a qualidade dela é baixa. Serve, no máximo, para tirar selfies para colocar no Facebook ou para conversar com vídeo no Skype. Exemplo de foto tirada com ela:</span></div>
<div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiu4d8GnT3GjQR_c4eKNBvMDyqOedVt95y8KzHxcn3AmQMfjczaAFxPPBk6h8a7fjdNwGPjHuaVBtYwe0pwx-nIfdvRrYSzfEQOhjUBLaRUMX22g6_d4sDggbNhyXxr4tObquz9-hEI8U/s1600/2013-11-30+20.25.19.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiu4d8GnT3GjQR_c4eKNBvMDyqOedVt95y8KzHxcn3AmQMfjczaAFxPPBk6h8a7fjdNwGPjHuaVBtYwe0pwx-nIfdvRrYSzfEQOhjUBLaRUMX22g6_d4sDggbNhyXxr4tObquz9-hEI8U/s320/2013-11-30+20.25.19.jpg" width="240" /></a></span></div>
</div>
<div>
<span style="font-family: inherit;">O que eu gostei:</span></div>
<div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<ul>
<li><span style="font-family: inherit;">Primeiramente: Android 4.3 com garantia de atualização para o 4.4. Só isso já foi um fator pesado na compra.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Desempenho excelente.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Android <b>limpo</b> (não vem com um apps, a única coisa que vem nele - além dos aplicativos Google - é o (HUEHUEHUEHUE BR BR) <i>BR Apps</i> necessário para a isenção fiscal).<br /><br />
Justamente isso evitou a necessidade de fazer root: lembro que a primeira coisa que eu fiz no meu Ace foi rootear para arrancar as apps que a Samsung enfia.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Duração de bateria. 30 minutos ouvindo música e navegando na internet via 3G e a bateria foi de 100% para 90%: no meu Ace ela já estaria em 70% no máximo. Para um perfil de usuário médio, a bateria aguenta facilmente um dia inteiro.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Reconhecimento de voz funciona bem, embora seja um tanto quanto desconcertante falar sozinho e o <i>OK Google Now</i> não seja suportado devido ao hardware necessário (é necessário entrar na app do Google Now).</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">O GPS conseguiu encontrar os satélites com facilidade, coisa que no Ace levava minutos. </span></li>
</ul>
</div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<span style="font-family: inherit;">O que eu não gostei:
</span><br />
<div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<span style="font-family: inherit;">Obs.: <b>Não vou colocar</b> 'não aceita SD' por que eu comprei ele sabendo dessa limitação, não foi surpresa alguma.
</span><br />
<ul>
<li><span style="font-family: inherit;">O principal problema: <b>suja fácil.</b> É quase obrigatório andar com um paninho para limpeza.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Capinha traseira <b>horrível</b> de tirar (só com uma faca ou uma ferramenta mesmo, é muito fácil quebrar a unha no processo).<br /><br />
Como a bateria não é removível, isso não vai fazer muita diferença, mas talvez não sirva para quem troca freneticamente de chip.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Os fones de ouvido que vem com o aparelho são apenas aceitáveis, qualquer pessoa que queira ouvir música mais a sério vai ter que comprar um fone melhor.</span></li>
<li><span style="font-family: inherit;">Bateria lenta para carregar (mais de 3 horas). </span></li>
</ul>
</div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Mas são problemas (excetuando o da bateria) menores e facilmente contornáveis. Para quem usa Linux, boa sorte: ele ainda não é suportado pela <i>libmtp </i>(biblioteca que faz o meio de campo entre o Linux e o dispositivo) e o Android 4 não suporta<i> mass storage</i> (fazer o smartphone aparecer como um pen drive).</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Ou seja, ele nem mesmo é reconhecido e talvez não carregue (edit: o problema se resolve se você der boot/reiniciar o PC com o aparelho conectado). Como workaround, dá para usar o AirDroid para enviar arquivos.</span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">O bug <a href="http://sourceforge.net/p/libmtp/bugs/934/">já está relatado</a>: estou com a impressão que é só recompilar essa biblioteca com o device ID do Moto G, mas ainda não testei (nem sei como eu faria isso no Ubuntu sem ferrar o resto do sistema).</span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: black; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: inherit;">Tirando isso, o aparelho é ótimo. Arrisco dizer que é um dos melhores custo/benefício disponíveis no mercado brasileiro hoje (12/2013).</span></div>
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-39751646091024210132013-10-06T12:52:00.000-03:002013-11-30T22:54:28.367-02:00Da falibilidade (e outras coisas) da ciência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_IhjB81t4jfVSrYR0QjwREg4g9E8hrdr1xsGrFTzo7kgsM5IGEOR_gVgbI00hJMAvWaSAnjJh7ZF6lE3t0JSZ5BlnwMinsi9qBInmlmBGhef8dCsRBVVNyreWlVnG6gHSpki2rJIgh8M/s1600/6666747055_f8e8df628c_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="190" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_IhjB81t4jfVSrYR0QjwREg4g9E8hrdr1xsGrFTzo7kgsM5IGEOR_gVgbI00hJMAvWaSAnjJh7ZF6lE3t0JSZ5BlnwMinsi9qBInmlmBGhef8dCsRBVVNyreWlVnG6gHSpki2rJIgh8M/s1600/6666747055_f8e8df628c_o.jpg" width="320" /></a></div>
Recentemente, <a href="http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2013/10/pesquisa-falsa-de-autor-ficticio-e-aceita-por-mais-de-150-revistas-cientificas-4290678.html">foi noticiado</a> que uma pesquisa falsa tinha sido aceita em diversos periódicos científicos. E outros problemas nas publicações científicas não são de hoje: 5 minutinhos lendo o <a href="https://retractionwatch.wordpress.com/">Retraction Watch</a> demonstram que apenas estamos vendo a ponta do <i>iceberg</i>. <br />
<br />
Para quem acompanha o mundo científico, lê artigos etc... não é de hoje: que atire a primeira pedra <b>quem nunca esbarrou</b> em um artigo pessimamente escrito, com introduções que não introduziam, erros graves de argumentação, gráficos e diagramas ilegíveis, desenhos que não seriam aceitos nem em uma aula na 4ª série, falta de tratamento estatístico de resultados. E o pior foi ver isso em um periódico <i>peer-reviewed.</i><br />
<br />
Existem periódicos que se dedicam a publicar qualquer coisa: pagou, passou. O seu nome aparece em um periódico parecido com o de algum de alto fator de impacto, você tem seus nanossegundos de fama, e você pode dizer que publicou internacionalmente.<br />
<br />
Aliás, se o seu sonho é publicar algo na Nature ou Science, mas você é um mero mortal, não se preocupe: publique na <a href="http://www.sciencepub.net/nature/">Nature and Science</a> e tenha seu artigo do lado de deliciosas pérolas, como um suposto <a href="http://www.sciencepub.net/nature/ns0712/05_2012_easy_ns0712_31_32.pdf">experimento para provar a existência de matéria escura</a>, no qual seus autores confundem <i>matéria em uma sala escura</i> com <i>matéria escura</i>!<br />
<br />
Voltando ao ponto principal: a <b>ciência não é infalível</b>, <b>não é implacável</b>, <b>não é isenta</b> da possibilidade de corrupção e fraude, afinal, ela é feita por seres humanos facilmente subornáveis. Ainda fica pior quando <b>se envolvem interesses financeiros</b> (bolsas, financiamentos de pesquisa etc...) - tanto é que as ciências onde menos se vêem problemas éticos são as puras (matemática, física, filosofia...), visto que elas não lidam diretamente com dinheiro e um teorema ou descoberta de um novo fenômeno físico não vai gerar uma patente ou um <i>copyright</i> facilmente.<br />
<br />
A <b>revisão por pares</b> também é feita por seres humanos: erros e omissões naturalmente acontecem, porém alguns se corrompem por interesse. Eu posso muito bem pedir para o meu amigo revisar meu artigo (leia-se: aprovar direto). Vira uma enorme troca de favores. <br />
<br />
Soma-se a isso o fato da<b> pressão por resultados</b> (<i>publish or perish</i>), a necessidade absurda de mensurar a produtividade por meio do <i>fator de impacto</i> (leia-se: quantos artigos Fulano publicou e quantas vezes foi citado) e outros fatores: <b>prato cheio para fraudes</b> - que seriam desnecessárias se a ciência não estivesse tão profundamente metrificada.<br />
<br />
Tudo isso foi criado, em grande parte, pela necessidade de publicar cada vez mais e de fatiar uma pesquisa em infinitas partes (a <a href="http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,darwin-e-a-pratica-da-salami-science-,1026037,0.htm">Salami Science</a>), as quais formarão uma centopeia de citações. Oba! Meu fator de impacto aumentou!<br />
<br />
Pela voracidade do modelo atual, perdeu-se a possibilidade de fazer uma pesquisa profunda, algo que exija anos de dedicação, algo que gere um impacto do tamanho do trabalho de um Einstein ou Darwin. <br />
<br />
Por fim, aquele que eu julgo ser o principal problema: muitos resultados publicados <b>não são reprodutíveis</b>, por diversos motivos: materiais e métodos incompletos ou inacessíveis, não se divulgaram os algoritmos usados para tratamento dos dados/simulações/etc... e tampouco o código-fonte está disponível.<br />
<br />
Embora a tecnologia já exista e seja usada com sucesso para desenvolver software/hardware livre, para colaboração entre equipes etc... poucos cientistas as adotam.<br />
<br />
A ciência não é infalível, justamente por ser realizada por seres humanos. Mas podemos reduzir o índice de falibilidade dela: a solução para isso é a mesma solução necessária à política, à economia, etc...: transparência. <a href="http://renanbirck.blogspot.com/2012/02/consideracoes-sobre-software-livre.html">Tema sobre o qual já falei antes</a>.<br />
<br />
Dados abertos e uso/desenvolvimento de software livre, como atividades preferenciais/mandatórias e não como a exceção. Deixar claro que o pesquisador X recebeu uma bolsa do instituto Y ou que a pesquisa sobre Y foi patrocinada pela empresa Z. Ah, e jogar fora o produtivismo e o vício em mensurar todas as atividades.<br />
<br />
<br />
Fonte da imagem: <a href="https://secure.flickr.com/photos/thepuzzler/6666747055/">The Puzzler | Flickr</a> (<a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/deed.pt">CC BY</a>).Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-37861315790837248962013-09-28T23:14:00.002-03:002013-09-28T23:14:35.739-03:00Revisitando velharias: Duke Nukem 3D no Linux nativamente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizlV04-Y72Rt1huaq0db6Qqv9U5dXjmwrpOc2JGvtt3_1_KcHq2U-gl3FQK5wAhFf3omJJv4Tj3S3A_m0zCx_9_eLPQhWw646odCbkwyc4dINZf6y3wGm3yXoZLvuD5iXNJRFkq-OzGXo/s1600/duke0001.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizlV04-Y72Rt1huaq0db6Qqv9U5dXjmwrpOc2JGvtt3_1_KcHq2U-gl3FQK5wAhFf3omJJv4Tj3S3A_m0zCx_9_eLPQhWw646odCbkwyc4dINZf6y3wGm3yXoZLvuD5iXNJRFkq-OzGXo/s400/duke0001.png" width="400" /></a></div>
Esses dias eu fui tomado pela nostalgia de jogar <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Duke_Nukem_3D">Duke Nukem 3D</a>, um dos primeiros jogos que eu joguei em um PC.<br />
<br />
Por sinal, esse foi um dos jogos que alimentou a discussão de "jogos deixam as pessoas violentas?" no Brasil: provavelmente vocês lembram do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mateus_da_Costa_Meira">Atirador do Cinema</a>.<br />
<br />
Não chegamos a um consenso até hoje, e provavelmente nunca chegaremos, mas tudo bem, não é o ponto deste post. Apenas recomendo que não saiam atirando aleatoriamente por aí.<br />
<br />
No DOSBox ficou lento (não sei por que - nunca me acertei com o DOSBox), então resolvi jogar nativamente no Linux. E de quebra, eu já teria como usar resoluções mais altas.<br />
<br />
Quem vai fazer a mágica para nós é a <a href="http://www.eduke32.com/">EDuke32</a>, uma port da <i>engine</i> do Duke Nukem para Linux. Foi testado no <a href="http://www.linuxmint.com/">Linux Mint 15</a>, mas provavelmente funciona nas outras distribuições, em último caso vai ser necessário compilar. E funciona em Windows/Mac também.<br />
<br />
Primeiro, você obviamente vai precisar do jogo. Não vou colocar links de download aqui mas se acha facilmente no Google.<br />
<br />
Após, instale a EDuke32. No Mint/Ubuntu, coloque no<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> /etc/apt/sources.list:</span><br />
<br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>deb http://apt.duke4.net quantal main</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>deb-src http://apt.duke4.net quantal main</span><br />
<br />
e adicione a chave pública do repositório deles:<br />
<br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>wget -q http://apt.duke4.net/key/eduke32.gpg -O- | sudo apt-key add -</span><br />
<br />
Para outros sistemas siga as instruções do site.<br />
<br />
Então, instale o pacote <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">eduke32. </span><span style="font-family: inherit;">Para verificar se o programa instalou, execute ele. Não vai adiantar nada: você não tem o jogo instalado, então feche: ele já criou os diretórios adequados.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
Agora, copie o arquivo <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">duke3d.grp</span> do jogo para o diretório .eduke32 na home. Execute-o novamente, e na aba <i>Game</i> escolha a opção adequada.<br />
<br />
Agora... clique em <i>Start</i> e <i>let's rock</i> com o mesmo jogo que você jogou várias vezes no seu computassauro há uns anos atrás.<br />
<br />
<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-75218015469878624952013-09-03T23:00:00.000-03:002013-09-04T16:43:15.743-03:00Comendo comida de cachorro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMsh3SXGrQI87qL8gwCDUwrG1Tj3XyXSS6mEsooaRsp8biH5L3W85FmE4uHwZqbJ4-6J4psEfl4-KZTwLOFClZf4GExNMvPWyDauaCkurX341sp9XXiaIJiZbV0oz2PaDauEO8drcdn3U/s1600/2783357611_d0718e3522_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMsh3SXGrQI87qL8gwCDUwrG1Tj3XyXSS6mEsooaRsp8biH5L3W85FmE4uHwZqbJ4-6J4psEfl4-KZTwLOFClZf4GExNMvPWyDauaCkurX341sp9XXiaIJiZbV0oz2PaDauEO8drcdn3U/s320/2783357611_d0718e3522_o.jpg" width="320" /></a></div>
<b>Calma</b>: este <b>não é um post sobre dietas bizarras</b> ou sobre <b>gente com hábitos alimentares estranhos. </b>Tampouco descrevo minhas experiências com o já citado alimento.<br />
<br />
Em informática, existe um conceito chamado <i><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Eating_your_own_dog_food">dogfooding</a></i> (literalmente: <i>comer sua própria comida de cachorro</i>). Em português não há expressão similar, até onde eu sei (exceto talvez <i>provar do próprio veneno</i>, mas <i>dogfooding</i> não tem a conotação negativa desta).<br />
<br />
Trata-se de uma empresa (de tecnologia, geralmente) <b>usar seu próprio produto no dia-a-dia, </b>em todas as etapas de desenvolvimento. Acho que todo mundo aqui acharia graça se a Microsoft não usasse Windows na maioria dos seus computadores ou se a Apple desse um smartphone da Samsung para cada um dos seus funcionários [1]. E ninguém compraria de uma empresa de informática que usasse máquinas de escrever.<br />
<br />
Da mesma forma, o <i>dogfooding</i> <b>expõe problemas reais</b> que acontecem no uso de um produto e que podem passar despercebidos por testes, especificações e outros. Serve para a gerência ver (até certo ponto) como o usuário final irá empregar o produto. Foi dessa forma que a Microsoft, entre outras, revelou (e revela) vários bugs no Windows: todos os desenvolvedores deles são obrigados a usar o ambiente que eles estão desenvolvendo.<br />
<br />
Em qualquer indústria <b>é fácil de ver isso</b>. Os fabricantes de um produto confiam nele? Além de fazer propaganda, eles consomem seu produto? Já vi restaurantes <b>onde o dono não comia lá</b>: óbvio que eu fui em outro lugar. Já vi desenvolvedores que <b>não usavam seu próprio produto</b> e, portanto, ignoravam problemas óbvios. Inclusive, já fui um desses.<br />
<br />
Muitas vezes, quando eu pego um manual de instruções ou um livro, eu fico tentando <b>decifrar</b> o que seus autores escreveram: pergunto se eles tentaram se instruir pelo que eles mesmos escreveram. Ficou claro que não.<br />
<br />
Mas esse conceito pode ser aplicado para muito além da tecnologia. Basta ver a quantidade de discursantes que <b>não comem sua própria comida de cachorro</b>: deixam para os outros cumprirem o que eles querem que seja cumprido, mas não cumprem o que eles mesmos pregam.<br />
<br />
Falam um monte, prometem um monte, e até mesmo fingem que cumprem até a hora em que a situação aperta: é fácil falar de honestidade até que ela é posta à prova. É fácil <b>dar um discurso inflamado</b> contra X ou Y, <b>mas usar </b>esse mesmo X ou Y às escondidas. É bem comum falar que <i>não tem preconceito</i> até a hora em que se... tem preconceito.<br />
<br />
Evidentemente, a maioria das pessoas <b>não come a sua própria comida de cachorro</b>. Elas deixam para que os outros a comam, mesmo que ela não alimente (como é o caso da maioria dos discursos recheados de <a href="http://renanbirck.blogspot.com.br/2011/11/platitudes-diversas.html">platitudes</a>) ou esteja estragada.<br />
<br />
<b>A maior prova de honestidade é comer sua própria comida de cachorro</b>. É gostoso (ou não, depende da mão do cozinheiro) e faz bem. Na melhor das hipóteses, ela permite a alguém refinar seu trabalho; na pior das hipóteses, desmascara.<br />
<br />
(Fonte da imagem: <a href="http://www.flickr.com/photos/slava/2783357611/">slava/Flickr</a> - e aliás, notar semelhança com o <a href="http://www.quickmeme.com/meme/3tssjg/">cachorro da necessidade</a>)<br />
<br />
[1] No sentido estrito, esse exemplo não é o mais adequado, pois podem haver outras motivações técnicas para que um funcionário não necessariamente use os produtos da empresa. Mas aqui ele é bom o suficiente.<br />
<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-83442389271793632122013-08-31T22:42:00.000-03:002013-08-31T22:42:04.731-03:00Comparando profissionais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDzBflykmWU1xk24BsvmL3fA8QhFKA7zXLcZwpx0EwSLx0E3ubLoQ_iZrPQP2X69xdvoRqK8sm-imFKO-tV3ZTkqrrvNib4nvDQ1HBPl2aGQp-TLNf0PHZelQeNEaN9-EB9_C8UlY1Rg4/s1600/5034760960_2a16bf717c_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDzBflykmWU1xk24BsvmL3fA8QhFKA7zXLcZwpx0EwSLx0E3ubLoQ_iZrPQP2X69xdvoRqK8sm-imFKO-tV3ZTkqrrvNib4nvDQ1HBPl2aGQp-TLNf0PHZelQeNEaN9-EB9_C8UlY1Rg4/s320/5034760960_2a16bf717c_o.jpg" width="211" /></a></div>
<i>Poucos escrevem como um arquiteto constrói: primeiro esboçando o projeto e considerando-o detalhadamente. A maioria escreve da mesma maneira com que jogamos dominó. Nesse jogo, às vezes segundo uma intenção, às vezes por mero acaso, uma peça se encaixa na outra, e o mesmo se dá com o encadeamento e a conexão de suas frases.</i> -- Schopenhauer, <i>A Arte de Escrever</i><br />
<br />
Sejam dois profissionais, de igual formação acadêmica e trabalhando na mesma profissão.<br />
<br />
<ul>
<li><b>Profissional 1</b> projeta e planeja com base na experiência dele e dos outros. Fugir do foco do projeto? Não, a menos que seja necessário e justificável. Ele vai usar a solução mais adequada para resolver um problema. Ele não trabalha sem especificações - e quanto mais bem definidas, melhor.<br /></li>
<li><b>Profissional 2</b> faz as coisas da cabeça dele seguindo apenas suas vontades, seus caprichos e um ou outro modismo: é uma boa ideia fazer X, mesmo que fuja do foco do projeto. Ele vai tentar forçar soluções inadequadas, "por que é mais fácil" ou "por que eu já sei fazer".</li>
</ul>
<br />
<br />
<ul>
<li><b>Profissional 1</b> documenta as suas decisões. Ele consegue entregar o trabalho para outra pessoa, que consegue retomar de onde ele parou. Se ele tiver que dar manutenção num projeto que ele fez há anos atrás, ele consegue.<br /></li>
<li><b>Profissional 2 </b>acha que comentários, documentação etc... são "frescura" e que os bons não precisam disso. Aliás, o profissional 2 vive de se achar melhor do que ele realmente é, e usa isso como desculpa para não aprender tecnologias novas: ele não precisa disso, afinal o salário dele está garantido. Ou ele se apega a todas as novidades sem entender o que elas realmente são.</li>
</ul>
<br />
<br />
<ul>
<li><b>Profissional 1</b> adota boas práticas desde o começo. Ele prima pelo trabalho dele ser limpo, enxuto e eficiente. Já o profissional 2? Só faz uma limpadinha por cima no final.<br /></li>
<li><b>Profissional 2</b> desenvolve e testa tudo de uma vez só; já o profissional 1 desenvolve iterativamente e testa conforme desenvolve, não começando outra parte do projeto até que uma esteja funcionando adequadamente. Aliás, uma das primeiras coisas que ele faz é especificar testes.</li>
</ul>
<br />
<br />
<ul>
<li><b>Profissional 1 </b>sabe que volume não é quantidade e que, aliás, as melhores e mais elegantes soluções são as mais simples. Já 2 quer é demonstrar a capacidade dele de ser prolixo.<br /></li>
<li><b>Profissional 2</b> consegue cobrar mais barato por isso e entregar o trabalho mais rapidamente: boa sorte para o cliente ou para quando ele mesmo tiver que fazer manutenção. Já o profissional 1 pode demorar mais, mas entrega um trabalho melhor.</li>
</ul>
<br />
Quando o projeto do profissional 1 dá errado ou não funciona de forma satisfatória, ele sabe por onde começar a corrigir os problemas. E provavelmente ele vai achar o problema: ele vai usar as ferramentas adequadas para descobrir o defeito.<br />
<br />
Já o profissional 2 se desespera, rasga tudo e começa de novo. Ou usa a ferramenta errada, <i>não é muito fácil mas dá pra dar um jeitinho</i>.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
Qual deles é o melhor profissional? Qual deles é o mais comum?</div>
<div>
<br /></div>
E infelizmente, o que mais vemos por aí são profissionais do tipo 2. Já começa desde cedo na faculdade: deixam tudo para a última hora, não organizam, não planejam, e faltando algumas horas para a data de entrega é um desespero para tentar fazer a coisa funcionar direito.<br />
<br />
Se apegam a formas prontas para resolver problemas, e tentam forçar todas as soluções a caberem no mesmo molde, mesmo que isso seja péssimo de um ponto de vista técnico.<br />
<br />
Mas o pior é<b> ver empresas que sugerem</b> que você se comporte como um profissional do tipo 2: recentemente, desenvolvendo com o hardware de um grande fabricante, uma das recomendações era <i>encontrar um código parecido com o que você quer fazer, copiar e colar</i>. Justamente para fugir da abstração que <b>eles mesmos criaram</b>. Na hora perdi a vontade de trabalhar com o hardware.<br />
<br />
Profissional do tipo 2: não seja esse profissional. Aprenda a fazer direito, mesmo que isso lhe custe mais a curto prazo, para evitar o retrabalho, a perda de tempo (seja sua, seja do seu sucessor).<br />
<br />
Aliás, o livro do qual eu tirei a citação do topo deste <i>post</i> é uma leitura bem interessante para qualquer profissão criativa: tudo que está lá pode ser facilmente adaptado.<br />
<br />
(Fonte da foto: <a href="http://www.flickr.com/photos/jpaxonreyes/5034760960/lightbox/">http://www.flickr.com/photos/jpaxonreyes/5034760960/lightbox/</a>)Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-7325026768690134222013-08-17T14:36:00.002-03:002013-08-17T14:37:51.181-03:00Novo nome, sob a mesma direção<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSHBLhiabHBgPtbDksbYDELe5ogyJddhOLGX84TpLFXivugaGqK-Tzaujx2jd0k1lIwIm9Iaq0xOUXJYk6iLxRe-dqTj2xy9b7j8RqPSlnps2Z3evUrrRX2cKCrumry08RZ5wyXkRblYI/s1600/5605915865_555809f261_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSHBLhiabHBgPtbDksbYDELe5ogyJddhOLGX84TpLFXivugaGqK-Tzaujx2jd0k1lIwIm9Iaq0xOUXJYk6iLxRe-dqTj2xy9b7j8RqPSlnps2Z3evUrrRX2cKCrumry08RZ5wyXkRblYI/s400/5605915865_555809f261_o.jpg" width="400" /></a></div>
Rapidinha para quem estranhou a troca de nome:<br />
<br />
Para nos alinharmos com as novas tendências do mercado, decidi renomear o blog. Considera-se que o novo nome traz a sinergia de uma marca forte e bem-estabelecida com o potencial inovador causado pela troca de ideias.<br />
<br />
O nome antigo era impronunciável para muita gente, gerava confusão etc... e muita gente procurando horários de ônibus para 2112 (se as empresa de ônibus não conseguem nem acertar o horário para a semana que vem, quem dirá para daqui a 99 anos), gabaritos de provas e vestibulares para esse mesmo ano etc...<br />
<br />
Espero que agora fique mais fácil de divulgar.<br />
<br />
<i>Crédito da foto: <a href="http://www.flickr.com/photos/lutonanderson/5605915865/">Anderson Luton</a>/Flickr</i>Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-16714123649336817052013-08-14T19:51:00.000-03:002013-08-14T19:51:00.901-03:00De impostos e soluções burras/imediatistas/etc...Recentemente surgiu a proposta - <b>idiota</b>, usando um eufemismo - de aumentar a carga tributária sobre os combustíveis para poder reduzir as passagens de ônibus. <b>Solução óbvia, simples e inútil</b>: ignora que as passagens <b>não serão reduzidas</b> (ao menos não como prometido) e que esse dinheiro arrecadado <b>irá para o sumidouro do dinheiro público</b>.<br />
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Ignora que estamos <b>em séria necessidade de uma reforma tributária e política</b>. Ignora que somos um dos poucos países onde a pirâmide está invertida:<b> quanto mais pobre, mais imposto se paga</b>. As grandes fortunas estão no exterior, estão em bolsa de valores, não estão sendo tributadas (e nem violando nenhuma lei: <b>não é preciso ser criminoso para ser corrupto</b>).<br />
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Ignora que aumentar os combustíveis <b>reflete no custo dos fretes</b>: já temos sérios problemas com infra-estrutura de rodagem e ainda criamos outro. Ignora que nem todo mundo usa carro simplesmente para fins pessoais e que, inclusive, o <b>governo também gasta em combustíveis</b>.<br />
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<b>Pouco se fala </b>em reduzir os impostos incidentes sobre o transporte público.<b> Nada se fala</b> em investigar os contratos com as empresas de ônibus (até por que, em nosso país, mexer com empresas e puní-las por corrupção - seja corruptora, seja corrupta - é <i>tentar implantar o comunismo</i>, não deixar o cidadão de bem ganhar dinheiro). Aliás, não se fala em obrigar as empresas (de todos os setores) a mostrarem suas prestações de contas.<br />
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Por sinal, <b>temos um tabu enorme em punir empresas</b>: desde que elas sejam grandes, ou seja, financiem campanhas, elas podem tudo que o <i>cidadão de bem</i> não pode. Encostar nelas é proibido, sob pena de ser tachado <i>comunista</i>, sob pena de sermos acusados de estarmos destruindo a economia ou o PIB não crescer alucinadamente (mesmo o PIB sendo <b>um indicador ruim</b> para medir o desenvolvimento de um país).<br />
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Muito menos ainda se fala em <b>eliminar os privilégios dos políticos</b> - o que já garantiria uma enorme economia para o país - <b>e acabar com a propaganda estatal</b>. Aliás, considero que <b>o governo deveria ser proibido, por lei, de fazer propaganda</b>: vender melhorias em algo que não melhorou é propaganda enganosa, e em se tratando de serviço público é relativamente fácil ver as melhorias (ou a ausência delas).<br />
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Não se fala em <b>profissionalizar o serviço público</b>, em tornar ele menos burocrático (como já cansei de afirmar, burocracia é corrupção: ninguém fura a fila que não está lá, ninguém sonega o imposto que não existe, ninguém paga para ter um privilégio que não é necessário), em punir as incompetências, os superfaturamentos e atrasos em obras de forma efetiva - coisas que <b>qualquer empresa séria faz</b>.<br />
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Todas ótimas soluções que <b>não custam nada ao contribuinte</b> - e inclusive poderiam aumentar a arrecadação de impostos, com mais gente usando esses produtos e serviços. Perde-se de um lado, ganha-se mais ainda de vários outros.<br />
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Pena que <b>muito dificilmente essas mudanças acontecerão</b>: nenhum governo gostará de não poder fazer propaganda. Ser político deixará de ser interessante. Uma reforma tributária geral causa menos efeito nas pessoas do que zerar o IPI dos carros. Na pior das hipóteses, vai ter gente irritada por ter perdido um suposto <i>status</i> quando <i>o povão</i> começar a ter acesso a melhorias.<br />
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Mas a solução <b>mais simplista, mais burra</b> está lá: um novo imposto, ou aumentar os existentes. Mesmo sabendo que essa história já cansou e não cola. Mesmo sabendo que isso é destrutivo para a economia - exceto quando beneficia as empresas amiguinhas dos candidatos.<br />
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Um argumento relativamente comum é <i>país X tem a mesma carga tributária do Brasil e ninguém reclama</i>. Uma comparação tão absurda que chega a dar pena. E os nossos serviços? Eles tem (ou um dia terão) a mesma qualidade do país X? Nesse país X temos superfaturamentos, atrasos em obras, licitações compradas e cabides de empregos? Muito provavelmente não: se eles acontecem, são esporádicos.<br />
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Países tão grandes quanto o nosso <b>conseguem resultados melhores</b> (e inclusive possuem programas sociais muito mais abrangentes, para ódio dos classe-média-sofre) com uma menor carga tributária: <b>quem é o errado na história</b>, eles ou nós?<br />
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Na verdade, quando se fala em melhorar o serviço público (qualquer um deles) no Brasil, existe um ciclo bem comum:<br />
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<ol>
<li><i>[X = Educação/saúde/transporte público/cidadania/...] está deficiente! Vamos criar um imposto e o dinheiro será investido em X! Eu prometo!</i><br /></li>
<li><b>Cria-se um imposto</b> (que, como eu já disse, os mais pobres pagam, pois é de longa data que no Brasil os ricos efetivamente não pagam impostos).<b> X não melhora</b>, mesmo se jogando rios caudalosos de dinheiro nele.<br /></li>
<li>Em uma última tentativa, pede-se "10% do PIB para X!". E coloca-se 10% do PIB lá, e mesmo assim as melhorias são insignificantes: outros países fazem melhor com menos gasto.<br /></li>
<li>O governo pode colocar na sua propaganda "investimos em X!" e mostrar meia dúzia de figurinhas que supostamente comprovam o investimento. Mas para cada melhoria, houveram várias pioras.<br /></li>
<li>Opcionalmente, cria-se um programa que promete mudanças radicais - e cumpre, nos primeiros meses, até vermos que não é bem assim e que o problema é mais profundo.<br /></li>
<li>Não tem passo 6, voltamos ao passo 1.</li>
</ol>
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Não que o povo seja muito melhor: a solução dele muitas vezes vem em agressões, em ofensas, em palavras fortes e vazias. Eles querem uma solução - novamente - radical, imediatista e quanto mais violenta e brutal melhor. Mesmo não tendo resolvido o problema, apenas escondido ele, dá a sensação de satisfação. Mas ninguém quer sentar e discutir reais soluções, afinal não tem o mesmo prazer de dizer que fez X e Y.<br />
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Somos um país viciado em soluções simplistas, que ignoram toda a raiz de um problema, todas suas consequências e implicações. Tentamos resolver com dinheiro o que não é problema dele. Aliás, é bem comum isso vindo de certos políticos, de certos partidos: soluções imediatistas, demagógicas e - por que não dizer - burras.<br />
<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-86242922223372809542013-08-09T20:09:00.003-03:002013-08-09T20:09:55.242-03:00A importância da boa comunicaçãoDuas situações que me aconteceram esses dias e que ilustram o tema desse <i>post</i>, a importância de se comunicar de forma simples e efetiva:<br />
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<li>Outro dia vi num desses grupos de vendas no Facebook alguém perguntar se um produto era original ou <i>réplica</i> (eufemismo para <i>falsificado</i>). A resposta: <i>não é réplica</i>. <i>Não é réplica</i> (frase essa que poderia teria sido dita mais claramente: <i>é original</i>) ou n<i>ão, é réplica</i>? Ficou a dúvida, causada pela simples ausência de uma vírgula.<br /></li>
<li>Em outra situação, fui avisado por um colega (chamá-lo-ei de A) que precisava fazer um outro trabalho de uma disciplina para ser entregue no mesmo dia: entrei em pânico, até que conversei com outro colega meu - o qual confirmou que A se referia a um trabalho que já tinha sido proposto (mas que A não tinha feito ainda). </li>
</ul>
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Para quem não me conhece: <b>sou chato</b> com erros de escrita, principalmente os grosseiros e evitáveis (cada vez que eu leio alguém errando algo básico, eu choro). Aliás, tenho para mim que <b>boa parte dos mal-entendidos são causados pela má comunicação</b>. Frases sem sentido, vocabulário inadequado, pensamentos mal-estruturados, a necessidade inteira de adivinhar o que o interlocutor está dizendo. </div>
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Acho que todos nós podemos lembrar de algum exemplo onde fomos induzidos ao erro, a conclusões inadequadas ou incorretas, etc... por uma ambiguidade ou por uma frase mal-escrita, ou mesmo de quando perdemos a paciência com gente que precisa falar muito para dizer pouco.</div>
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Não é questão de <i>falar difícil</i>: isso muitas vezes mais atrapalha do que ajuda! Há pessoas que infelizmente precisam mostrar que sabem e transformam qualquer frase em um texto rebuscado. É questão de falar de forma minimamente adequada para a situação: e-mails profissionais não combinam com <i>vc</i> ou <i>com migo</i>, e <b>nenhuma situação </b>combina com FALAR GRITANDO SEM VÍRGULAS. </div>
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Outra situação,<b> infelizmente comum</b>, é entender o inglês de algumas pessoas (que deveriam se preocupar primeiramente em<b> aprender a estruturar um raciocínio ou uma sentença</b>, em sua língua nativa mesmo). São erros aqui, abreviaturas para cá, etc... que acabam afetando o entendimento da frase.</div>
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Por mais que meu inglês tenha alguns problemas, eu nunca precisei (e nem vejo sentido, não estou escrevendo um telegrama cobrado por palavra) trocar <i>you</i> por <i>u</i>: isso mais atrapalha do que ajuda. A propósito:<b> não, um tradutor on-line não é um bom substituto para aprender o idioma</b>, no máximo ele quebra um galho quando você não entende uma palavra ou uma frase.</div>
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O que precisamos, ao menos em situações profissionais, em situações mais sérias, é comunicarmos bem: sermos <b>objetivos</b>, <b>diretos</b> e <b>respondermos ao que é pedido ou perguntado, de forma clara</b>. É simples, mas é algo que muitos não dominam - até por que essa habilidade não é treinada. Ao contrário: por vários motivos, criou-se a <b>cultura do lero-lero</b>, do colocar texto para encher páginas. Daí temos manuais de instrução que não instruem, notícias que não noticiam, picuinhas semânticas sobre o significado de uma palavra, etc...</div>
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Outro fator importante é a precisão: a dúvida é sobre X? Pergunte sobre X, mas não só sobre ele: o que levou você a chegar até X. Dê todos os dados necessários para resolver o problema. Não fale mais do que o necessário, nem menos (mas na pior das hipóteses é mais fácil dar mais informações: em último caso pode-se descartar o que não interessa). </div>
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Falta de comunicação, ou a má qualidade dessa, mata, atrapalha, atrasa projetos e cria situações desagradáveis. Mas infelizmente muitos não conseguem superá-la, seja por desconhecimento, seja pela necessidade de <i>falar difícil</i> (especialmente quando é para enganar os outros), ou simplesmente pela preguiça ou descaso de escrever com maiúsculas e sem abreviações. </div>
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Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-3203024387749626732013-07-12T21:39:00.001-03:002013-07-12T21:39:33.818-03:00Faltam engenheiros?A falta de engenheiros virou um pequeno pânico. Toda hora se fala nela. E realmente, vagas passam um bom tempo sem ser preenchidas: não por <i>faltarem engenheiros</i> (o que levou a uma disparada para as faculdades - espero daqui a uns anos ver o pessoal desiludido por que eles <b>não vão</b> ficar ricos), mas por motivos diversos.<br /><br />Primeiramente, um motivo óbvio: muitas empresas <b>não pagam</b> o piso salarial para os engenheiros. Seja contratando <i>analistas</i> (que <b>não são engenheiros</b>, ou seja, <b>não são cobertos pela lei</b>), seja simplesmente <b>ignorando a lei</b>. E depois são essas mesmas empresas, e seus donos, que <b>tem a audácia de reclamar da corrupção </b>(dos outros, por que a delas é <i>necessária</i>).<br /><br />E o CREA <b>nada faz</b>: <b>por motivos óbvios </b>ele não vai se meter com quem contrata quem paga a anuidade deles. Ele não vai criar animosidades com o governo ou com empresas - sob pena de ser rotulado como o órgão que está <i>atrasando o progresso</i>. <br /><br />Ele não vai mexer um dedo para tentar cortar a burocracia, caso contrário ele vai <i>gerar desemprego</i> (sim, já vi gente usando essa expressão para defender o inchaço dos órgãos públicos, os cabides de emprego, a burocracia etc...). E, como bem estamos cansados de saber, <b>burocracia é corrupção</b>: só existe gente subornando por que há a necessidade de subornar, só se paga para furar a fila por que a fila está lá.<br /><br />Nenhum governo vai se envolver para punir empresas, caso contrário o Brasil <i>deixa de ser um país bom de investir</i> (leia-se: país bom de conseguir altíssimos lucros) por que <i>estão enchendo o saco do cidadão de bem que quer ganhar dinheiro</i>.<br /><br />Essa desvalorização levou muitos engenheiros <b>a irem para outras áreas</b>, principalmente as administrativas - onde eles acabam sendo mais valorizados e recebendo salários melhores (ou muitas vezes, apenas justos). Ou seja, <b>acabam faltando engenheiros </b>para as partes técnicas, operacionais etc... e isso está se fazendo notar agora com o certo crescimento econômico que estamos tendo, o que se traduz no grito de <i>SOCORRO! FALTAM ENGENHEIROS!</i>.<br /><br />(Aliás, o problema da desvalorização não é apenas das engenharias:<b> todas as profissões no Brasil encontram-se nessa situação</b>, excetuando-se talvez as carreiras jurídicas e alguns poucos profissionais que conseguem explorar alguns filões. Mas isso é tema para outro texto)<br /><br /><b>Outro não menos grave problema</b>: <b>as universidades</b> - principalmente e infelizmente as públicas - <b>estão fora de sintonia com o que o mercado e a indústria precisam.</b> O ensino ainda é fundamentalmente teorético, voltado a resolver os problemas descritos nos livros. Livros muitas vezes arcaicos, obsoletos, com tecnologias que já não se usam mais há anos.<br /><br />Na graduação, eu aprendi a resolver muitos problemas em situações imaginadas: <i>despreze a resistência do ar. Calcule não sei o que na gravidade de Júpiter.</i> <i>Suponha que tudo é linear e que o mundo é elegante</i>. <i>Deduza a fórmula</i>. <i>Decore a fórmula (ou ponha ela na HP)</i>. <i>É mais importante mostrar como se chegou ao resultado do que aplicar o resultado</i>.<br /><br />Eu tive professores que davam aulas com material da época das empresas estatais de energia/telecomunicações (da época em que ainda existiam <i>CEEE</i>, <i>CRT</i>, <i>Telebrás</i> etc...) ou com lâminas que eles tinham escrito há 25 anos atrás.<br /><br />Pouca ou nenhuma ênfase foi dada à prática, à capacidade de <b>resolver problemas reais </b>em um universo não-linear e cheio de fatores contraditórios. Pouco se ensinou e se praticou o <i>troubleshooting</i>, a arte/ciência de resolver problemas, ou sobre como se transforma um requisito em uma solução.<br /><br />A opção para contornar esse problema seria fazer estágios desde cedo - opção inviável para muitos, considerada a carga horária do curso, e pior ainda quando se mora em uma cidade onde praticamente inexistem oportunidades para certos campos da engenharia.<br /><br />Outra opção é o autodidatismo, <b>infelizmente prejudicado pela cultura do diploma</b>: não basta saber fazer e mostrar que sabe, é necessário um papel atestando que se passou por anos de aulas - das quais não foi tirado nada devido aos já citados problemas. <br /><br />Uma das alternativas que os alunos acabam procurando é a pesquisa, porém em muitos casos ela é <b>teórica</b>, voltada à produção intelectual (que interessa a quem almeja uma pós-graduação) <b>sobre um tema muito específico </b>e não gera aplicação real.<br /><br />A maioria dos meus professores<b> foi direto da graduação para a pós</b>, e o pouco de experiência profissional que eles tiveram se restringiu aos 6 meses do estágio obrigatório. Viraram os famosos <b>especialistas de nada</b>: sabem tudo sobre um assunto extremamente específico, e só.<br />
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E eles não veem nada de mal nisso, o conhecimento deles rende um fator de impacto (a moeda do mundo acadêmico) alto, graças ao sem-número de <i>papers</i> que eles podem publicar.<br /><br />Colabora com isso tudo a tal da <i>dedicação exclusiva</i>, que <b>aliena os professores </b>e os impede de vivenciar o mundo real. Um professor pode ficar horas descrevendo as maravilhas do empreendedorismo, <b>mas não pode empreender</b>. Um professor pode ficar horas descrevendo o que deveria ser feito na indústria,<b> mas não pode fazer</b>. Um professor de administração <b>não pode administrar.</b><br /><br />Sem falar nos requisitos impossíveis de algumas empresas:<b> é necessário que o engenheiro seja jovem</b> (afinal, profissional velho "não aprende", "não tem flexibilidade") <b>mas tenha vasta experiência.</b> <br /><br />É necessário que ele seja recém-formado, mas tenha conhecimentos profundos (<b>que não se adquirem sem o exercício da profissão</b>). É necessário que ele tenha 10 anos de experiência em uma tecnologia que só existe há 5. É preciso que ele seja jovem, fale 3 idiomas fluentemente e tenha experiência em liderança. Condições impossíveis para 99,9% dos formandos.<br /><br />Por fim: muitas das empresas daqui ainda mantém a mentalidade de que pesquisa e desenvolvimento, treinamento etc... são gastos. O negócio é <b>vender o mesmo produto ou serviço por anos</b>, e ainda prejudicar quem tenta fornecer algo melhor e mais barato.<br /><br />Com essa mentalidade, não me surpreende que o país esteja tão <b>atrasado em inovação </b>e que nossa sexta (ou sétima? não sei) maior economia seja baseada em indústria de baixíssima tecnologia. <br /><br /><b>Faltam engenheiros? Faltam.</b> Por culpa de muita gente: por culpa de todo o nosso modelo educacional, que - <i>guiado por professores que sabem quase tudo sobre quase nada</i> - avalia a capacidade de resolver problemas teóricos e não de aplicar conhecimentos.<br /><br />Por culpa das empresas, que decidiram ignorar a lei ao mesmo tempo em que reclamam de quem ignora as leis - e depois reclamam que nenhum engenheiro quer aceitar o salário horrível que eles oferecem.<br /><br />Por culpa da burocracia (que, estranhamente, não vitima as grandes empresas - as mesmas que tem dinheiro para financiar campanhas e comprar seus benefícios) e pela inutilidade do conselho profissional.<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-30513039863705708862013-06-21T18:07:00.004-03:002013-06-21T18:07:48.477-03:00Já tinha gente acordadaDepois dos recentes acontecimentos virou lugar-comum dizer que <i>o brasileiro acordou</i>. E de certa forma é verdade, o povo foi as ruas, embora com causas vagas e desconexas.<br />
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Porém, muitos dos que dizem isso omitiram que<b> os movimentos sociais já estavam acordados há um bom tempo</b>. Eles acordaram cedo, antes do sol nascer. Estavam protestando por direitos das minorias, lutando por justiça para os mais necessitados, tentando abrir caminhos.<br />
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Só que chamavam eles de <i>vagabundos</i>, <i>gente sem ter o que fazer</i>.<b> Diziam que os militantes não eram <i>gente de bem</i></b>, por que <i>gente de bem</i> estava trabalhando, e não <i>defendendo coisas de vagabundos</i>. Foi nessa mesa que pediram lógica circular (gente de bem não defende coisa de vagabundo por que vagabundo não é gente de bem)?<br />
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Eles diziam que <b>as mulheres que lutavam por igualdade de direitos</b> <i>queriam destruir a sociedade</i>. Que<b> direitos reprodutivos</b> seriam <i>assassinato</i> e que <b>educação sexual iria formar uma geração promíscua.</b> O negócio deles é o obscurantismo. E ironicamente, eles reclamam da educação, mas queriam que fosse ensinado apenas o que lhes interessava: não queriam nenhuma contradição e nenhuma discussão.<br />
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Eles<b> diziam que os movimentos LGBT</b> eram <i>viadagem</i> e que se eles tivessem direitos fundamentais <i>teríamos que legalizar a pedofilia e a zoofilia</i>, em um declive escorregadio perigosamente burro. Defendiam a velha família mamãe-fica-em-casa-papai-foi-trabalhar. Sempre com os mesmos argumentos. Sempre com a mesma fala do pastor.<br />
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Eles diziam <b>que as minorias queriam viver de <i>bolsa-esmola</i></b>, que elas queriam <b>privilégios</b> e que elas<b> não podiam reclamar</b> por estarem sendo desalojadas em nome de um suposto <i>progresso</i>. Que <b>quem reclamava das mastodônticas</b> (e superfaturadas, e de enorme impacto ambiental) obras <b>estava querendo que o país vivesse atrasado.</b><br />
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Eles diziam que <b>quem era contra as religiões organizadas </b>estava querendo expulsar Deus do país. Que era perseguição religiosa. Que não havia nada de errado em uma tal <i>cura gay</i> (<b>como curar o que não é doença?</b>) ou em um pastor servir ao dinheiro e não a Deus. Eles diziam que discurso de ódio era liberdade de expressão.<br />
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Eles diziam que eles deveriam estar <i>protestando contra a corrupção</i>, o que é tão específico quanto <i>protestar pela paz</i> ou <i>protestar pelo meio-ambiente</i>. Só protestar por uma causa genérica e não atacar suas reais causas: financiamento privado de campanha, especulação, burocracia etc... que, <b>em última instância, estão intimamente ligadas ao sistema econômico</b>, é fácil.<br />
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Para muitos deles,<b> a corrupção, e todos os outros problemas do país, nasceram com o PT</b>. O país era uma maravilha há 10 anos atrás e hoje é um inferno. Ignoravam toda a dinâmica do capitalismo e o simples fato de que, para existir corrupção, precisa haver corruptor. Corruptor esse que sempre sai ignorado. <br />
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E principalmente: <b>ignoram as pequenas corrupções</b>. Faz parte do <i>entitlement [1]</i> deles: eles podem cometer, afinal <i>o governo rouba e não dá nada,</i> <i>ninguém vai ver,</i> <i>é por uma boa causa</i> etc... afinal eles tem motivos nobres.<br />
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Eles<b> não lembram da corrupção</b> na hora de comprar coisa pirata, de colar na prova, de usar o telefone/carro da empresa para fins pessoais, de ganhar troco a mais, de mentir. Quando era dos outros era corrupção, quando eram eles fazendo, <b>sempre achavam um pretexto ou uma desculpa esfarrapada. </b><br />
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Até antes, muitos deles <b>achavam a violência policial algo normal e aceitável</b>, desde que fosse contra quem eles não gostam. Desde que fosse contra "vagabundo". Desde que fosse contra ladrão de galinha, mas o ladrão rico ficava na paz assistindo tudo. Agora eles <b>entenderam o que a periferia e as minorias estão tristemente cansadas de ver</b>: abusos de poder constantes, provocações e violência gratuita.<br />
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<b>O discurso de alguns deles mudou da noite para o dia.</b> E não sei se isso é bom ou ruim. Parece ruim: mudou só por modismo, só por que agora é a minha causa, só por que agora é minha vez de brilhar, só por que agora eu posso sair gritando sem pensar. Muitos deles odiavam o <i>Bananão</i> até uns dias atrás, hoje dizem que um filho dele não fugirá à luta.<br />
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Já tinha gente acordada muito antes, mas eles sempre mandaram essas pessoas calarem a boca por que o discurso deles não era o que eles queriam ouvir, não condizia com a ideologia deles.<br />
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Já tinha gente acordada. Gente que acordou bem antes do sol nascer. Mas eles mandavam elas voltarem a dormir e não encherem o saco. Agora, que é do interesse da extrema direita um golpe militar (sim, eu vi gente desejando isso)e, inclusive, <b>tem gente flertando com o nazismo</b> - que sinceramente é o sonho de muitos deles, pois vai dar desculpa para eles eliminarem <i>quem não presta</i>. Não sei se realmente acordamos ou simplesmente estamos sonâmbulos e balbuciando durante o sono.<br />
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[1] E<i>ntitlement</i> (não sei se tem tradução em português): quando a pessoa acha que tem um direito que ela na verdade não tem, e reclama quando dizem não para ela.<br />
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Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-29661605915656989912013-06-14T19:12:00.002-03:002013-06-14T19:12:22.081-03:00O que vem depois?<i>Imagina na Copa</i> virou lugar comum. Para denotar desde descaso até ironia. Vem com uma risadinha nervosa. E acho que todos já imaginam que vai vir o de sempre: obras feitas às pressas pela empreiteira do filho daquele político importante, com material de má qualidade.<br />
<br />
A pergunta que deveria ser feita, mas que nunca vi nem mesmo ser suscitada:<b> o que vem depois?</b>. E, fazendo um pequeno exercício de imaginação, já conseguimos ver a resposta. E ela não tem nada de bonito.<br />
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Vem o custo -<b> tanto financeiro quanto social </b>- das grandes obras. Elefantes brancos, feitos de qualquer jeito, espalhados pelas cidades, que se tornaram inúteis depois de uma meia-dúzia de joguinhos. Ninguém ganhou nada, exceto as grandes empresas. Elas mesmas, as que financiam campanhas (inclusive as de um certo partido que se diz contra, mas na hora do vamos-ver...).<br />
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Em nome de um tal <i>desenvolvimento</i> (só se for do bolso de alguns), em nome desses eventos, em nomes de grandes elefantes brancos, justifica-se tudo. Justifica-se violência. Justifica-se e tapa-se os olhos para o discurso de ódio. Justifica-se tirar dinheiro de setores fundamentais e já negligenciados. A tal da 'governabilidade' (que eu realmente entendo como <i>dançar conforme a música</i>, <i>nunca haverão mudanças</i> etc...) ataca em cheio.<br />
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E o pior: constatar isso é ser <i>pessimista</i>. É <i>complexo de vira-lata</i>. É <i>torcer para que tudo dê errado</i> para <i>tentar derrubar o governo</i>. É ser <i>reaça</i>. Eu sou do PIG (PIG esse que ironicamente recebe uma boladona de dinheiro público). <b>Não seria uma má ideia que tudo desse errado</b>, o país ficasse com a imagem manchada lá fora, e uma reeleição quase garantida fosse evitada... mas não que os outros candidatos sejam muito melhores.<br />
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Saindo da política, vem a decadência. A infraestrutura vai provavelmente deixar de ser mantida com rigor e continuidade, afinal <i>não dá mais dinheiro</i>, <i>não tem mais ninguém para ver</i>. A <i>segurança</i> que protegia apenas os turistas endinheirados vai sumir. Se o país perder na Copa, <b>perdemos</b>, mas se o país ganhar, <b>perdemos mais ainda</b>: já temos várias reeleições garantidas. Teremos uma certa presidenta se reelegendo enquanto o povo ainda está eufórico por nada.<br />
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Ficaremos com as as leis <i>anti-terrorismo</i>: por <i>terrorista</i> leia-se: <i>ousou exercer a liberdade de expressão garantida pela Constituição</i>, <i>estava em um protesto pacífico e foi recebido com agressão policial</i>. O <b>terrorismo oficializado</b> de cada dia, na forma da negação de direitos humanos básicos e da negação de cidadania, não conta.<br />
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<b>Qualquer manifestação será tratada como vandalismo</b>; enquanto isso<b>, o vandalismo de cada dia </b>- em cada tribo indígena que é atacada em nome de grandes obras, em cada escola abandonada, em cada centavo do dinheiro público que vai para o lixo, em cada morador de rua que aparece morto, em cada desalojamento - <b><i>é normal</i>, é o preço do progresso que ninguém pediu.</b><br />
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As leis que proíbem qualquer tipo de manifestação em dia de jogo acabarão se tornando permanentes devido à sua conveniência (significa que <i>o povo não pode encher nosso saco</i>). Precisa parecer que está tudo bem, que o custo de vida não disparou por causa desses grandes eventos, não podem saber que todas todas as profissões aqui estão desvalorizadas e que a <i>sexta maior economia</i> é uma simples fachada.<br />
<br />
Esperemos, de forma bem otimista, quase inocente, quase infantil, que isso não ocorra e que esses eventos sejam só mais uns eventos quaisquer. Na verdade, não: espero que Copa, Olimpíadas etc... sirvam para o país passar vergonha internacional. Que sejam marcados por protestos que desafiem as leis anti-liberdade de expressão. Que os outros países vejam que sim, somos só uma fachada gigante.<br />
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Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-914014105368593332013-05-03T19:19:00.001-03:002013-05-03T22:48:42.985-03:00O culto ao otimismo<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyFMOpBH5aP77w0shuRLTsLyyXKD8fdEQodSa7IzjBIu25pGGs_keIbBdCGb5GPmcuPi370RnOO2vcscyKHQXF8s8h2NV7tXIC1DfWmaSt6-ULcTkDR9KXHJ-ysVGxIKWUuevUw80u3AM/s1600/tumblr_inline_mm6jzuC4Xh1qz4rgp.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyFMOpBH5aP77w0shuRLTsLyyXKD8fdEQodSa7IzjBIu25pGGs_keIbBdCGb5GPmcuPi370RnOO2vcscyKHQXF8s8h2NV7tXIC1DfWmaSt6-ULcTkDR9KXHJ-ysVGxIKWUuevUw80u3AM/s400/tumblr_inline_mm6jzuC4Xh1qz4rgp.png" width="182" /></a></div>
<i>- Estamos muito perto do solo. Não seria melhor abrir o pára-quedas agora?</i><br />
<i>- Você precisa ter uma atitude positiva. Encontre um jeito de fazer o pulo parecer mais legal, em vez de tentar interrompê-lo.</i><br />
<br />
Hoje li o texto <a href="http://meetingboy.com/post/49448674854/the-cult-of-positive-attitude-and-always-saying-yes">The Cult of Positive Attitude</a> (de onde tiro a imagem ao lado), que trata sobre um problema cada vez mais comum: a contínua necessidade de ser otimista, de fugir de críticas. Quem se posiciona de forma crítica é <i>reclamão</i>, <i>resmungão</i>, <i>só sabe achar defeito nos outros</i>. Acaba sendo visto como o chato, o que quer prejudicar todo mundo.<br />
<br />
A mesma coisa com as autoajudas de cada dia: <i>ignore o que pode dar errado e imagine o que pode dar certo</i>. Se der errado, <i>ao menos você tentou</i> (mesmo que você fique no vermelho)<i> em vez de desistir</i> (o que poderia ter sido mais sensato). Imagine apenas a recompensa, o sucesso. Sempre é preciso estar de cabeça erguida, sempre é preciso ter um sorriso na cara, por mais falso que ele seja. Eu desejo que X seja verdade, então X é verdade e quem me disser o contrário está tentando me derrubar: pois eu sou especial e nada irá me derrubar.<br />
<br />
Levantar e recomeçar nunca foi tão fácil quanto é hoje, então vamos transformar problemas sociais, de saúde etc... em uma mera questão de <i>incompetência pessoal</i>. <i>Você é o único culpado pelo seu sofrimento</i>. Essas pessoas famosas tentaram infinitas vezes e largaram tudo para correr atrás (mas nunca com o dinheiro delas) dos seus sonhos, então você está esperando o quê?<br />
<br />
Dizer <i>não sei fazer</i>, <i>não posso</i>, <i>não consigo</i> é feio. É sinal de fraqueza. É sinal de covardia. É sinal de incompetência. Eu preciso mostrar que eu sou, para não virar motivo de fofoquinhas e piadinhas. Preciso ter resposta na ponta da língua para tudo, não posso parar para pesquisar mais e pensar um pouco sobre o que dizer. Preciso ter sempre uma resposta pronta para poder disparar rapidamente.<br />
<br />
Com política, economia etc... é pior: qualquer aparente avanço do governo ou de uma empresa significa que <b>temos que obrigatoriamente ser otimistas</b> - mesmo que saibamos que é um<b> avanço demagógico</b>, calculado para tentar mudar a opinião pública e limpar a má imagem do Senado, da Prefeitura ou de uma empresa que não é <i>sustentável</i>. Quem se posiciona de forma crítica contra o governo é contra o povo, é a favor do fascismo, entre outros: prefere que as coisas fiquem como antes. Precisamos comemorar cada insignificante e insuficiente mudança enquanto as derrotas se transformam em ameaça.<br />
<br />
Aliás, esse já é um anti-padrão que eu noto há um bom tempo:<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>- Se fizermos (ou não fizermos) X, Y vai acontecer. Y é ruim pois Z.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i> - Vamos nos preocupar com o que pode dar certo e não com o que pode dar errado/deixa de ser reclamão/não fique cortando as expectativas dos outros/não vai dar nada/X é legal.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i> X é (ou não) feito. Y acontece, e Z faz com que Y se torne ruim (ou se agrave ainda mais). Voam mimimis de um lado para o outro, voam acusações, gente é demitida, mas nada se faz para evitar que Y não volte a acontecer.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<br />
E então vamos amenizar os resultados negativos, ou mesmo omiti-los: eles não garantem a minha promoção. Eles não vendem jornal e nem ficam bonitos no horário político. Mas estão lá, escamoteados: prejuízos financeiros e materiais, impactos ambientais e sociais, etc... <b>Se ninguém souber que as minhas 99 tentativas anteriores deram errado, posso dizer que consegui de primeira. </b><br />
<br />
Antes que venham dizer que eu sou um pessimista desiludido com a humanidade: em nenhum momento afirmei isso. Apenas penso que fechar os ouvidos e ignorar a existência de problemas, de possibilidades de falha, de erros, etc... <b>não faz eles desaparecerem</b>. O que resolve eles é <b>confrontá-los, discutir possíveis soluções de forma intelectualmente honesta e aplicá-las</b> - e isso não inclui dizer que os críticos querem <i>ferrar</i> com os planos dos outros, que eles tem <i>complexo de vira-lata</i> ou que e<i>les querem que o país viva atrasado</i>.<br />
<br />
(Destaco o <i>de forma intelectualmente honesta</i>: <i>trollagens</i> não são críticas, são trollagens. E dessas sim é melhor fugir, assim como é bom evitar quem não tem a integridade de <b>assinar embaixo do que diz</b> e <b>dar a cara a tapa</b>)<br />
<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-42008141220674296092013-03-28T21:23:00.000-03:002013-03-28T21:23:36.760-03:00Não leia os comentários<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://imgs.xkcd.com/comics/listen_to_yourself.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://imgs.xkcd.com/comics/listen_to_yourself.png" width="288" /></a></div>
<br />
<ul>
<li><i>O que você está escrevendo?</i></li>
<li><i>Vírus.</i></li>
<li><i>O que ele faz?</i></li>
<li><i>Quando alguém tenta postar um comentário no YouTube, primeiro ele lê esse comentário em voz alta.</i></li>
<li><i>Logo mais, em todo lugar:</i></li>
<li><i>... eu sou um idiota.</i></li>
<li><i>Eu... eu não sabia.</i></li>
</ul>
<br />
Não preciso nem descrever a seção os comentários nos sites de notícias. Aparentemente, o QI médio lá tende a zero: são agressões e acusações gratuitas e infundadas, repetição<i> ad nauseam</i> dos mesmos clichês, fatos distorcidos e amassados para satisfazerem um ponto de vista específico.<br />
<br />
O anonimato fornece uma confortável e quentinha carapuça para quem deseja externar toda sua ignorância: o comentarista médio sonha com a volta da ditadura, ou mesmo do nazismo - afinal, ele é um <i>cidadão de bem</i>, <i>humano direito</i>. Confunde liberdade de expressão com liberdade de preconceito. Demonstra seu refinado conhecimento de economia, política e sociologia. Demonstra <i>não ser alienado</i> e <i>estar revoltado</i>. Mesmo que ele tenha que mentir para combater a mentira ou ser desonesto para combater a desonestidade. Metalinguagem?<br />
<br />
Ele também entende profundamente de ciência: quando alguma descoberta científica é noticiada, ele já corre para dizer que os cientistas deveriam estar se preocupando com combater a fome. Quando é apresentado algum tópico sobre a origem do homem ou do universo, sobre aspectos referentes aos outros planetas, reclamam que o homem quer ser uma divindade.<br />
<br />
Deturpa notícias e consegue encontrar teorias da conspiração em tudo. Até mesmo a previsão do tempo ou a notícia de que um jogo de futebol terminou empatado viram golpes do PT para implantar a ditadura do proletariado no sistema comunista. Um asteroide está a caminho da terra? É o governo querendo desviar as atenções.<br />
<br />
Tudo com que ele não concorda é <i>do diabo</i>. Tudo foi um <i>castigo divino</i>. Falam como se o fim dos tempos fosse vir amanhã (aliás, estou esperando há um bom tempo). Mas o pior é a capacidade de emitirem discursos de ódio como quem conta até 10. Qualquer tentativa de dar direitos necessários às minorias é recebida com agressões. Não querem discutir, querem é competir para ver quem fala mais alto.<br />
<br />
Em sites onde é necessário cadastro, as coisas são melhores, mas não muito: existe gente que se dedica a criar nomes e usuários falsos para ir lá <i>trollar</i> e conseguir inventar uma teoria da conspiração envolvendo três partidos, duas classes sociais, algumas celebridades e dez países diferentes. Ou reclamam dos <i>vagabundos</i> que <i>passam o dia sem fazer nada</i> (estranho... transformaram a seção de comentários em um espelho dos comentaristas?).<br />
<br />
O melhor que eu aprendi a fazer até agora foi ignorar os comentários da maioria dos sites (principalmente os que não requerem cadastro): a relação sinal/ruído deles é péssima. <b>Muito pouco - ou nada - saiu de bom dos comentários deles.</b> Aliás, eles são a melhor forma de desmotivar alguém: mesmo que você não goste do trabalho da pessoa, não diga simplesmente <i>não gostei </i>ou <i>poderia melhorar em X</i>: faça questão de mencionar a sexualidade, a crença ou a opinião política da pessoa infinitas vezes.<br />
<br />
E em todo caso, se você porventura se ver no meio desses comentários, <b>resista a tentação de ser educado</b>: não se desperdiça educação com quem não está disposto a aceitar nada. Você vai ser atingido por uma torrente de pedradas e agressões. Felizmente elas - apesar de serem legião - são vazias, frágeis e inofensivas, exatamente como as pessoas que se escondem atrás delas.<br />
<br />
E o pior é ver que os sites de notícias continuam firmes no uso de comentários - afinal, <i>é audiência</i>, é gente clicando e vendo propagandas. É lucro: ignoram a responsabilidade moral deles por uns trocadinhos. Ignoram que deve existir uma moderação que delineie o que é expressão e o que é opressão. Ignoram que estão cheios de babacas, e se o seu site está cheio de babacas, <a href="http://renanbirck.blogspot.com.br/2011/07/se-o-seu-site-esta-cheio-de-babacas-e.html">é culpa sua e exclusivamente sua</a>: os recursos para impedi-los existem há décadas.<br />
<br />
<div>
O anonimato revela o pior e o melhor das pessoas. Nesse caso, o pior, o muito pior. Aquilo que eles nunca teriam coragem de falar em voz alta, mas que é facilmente digitado, salvo, copiado-colado e permite que a pessoa se diga <i>não manipulada pela mídia de massa</i>, <i>não alienada</i>, <i>não sou idiota</i>. Mesmo que para isso ela precise escrever errado e mentir até sobre seu nome (ironicamente, para reclamar de como os outros são desonestos e antiéticos).</div>
<div>
<br /></div>
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-30049827169553651742013-02-16T01:29:00.003-02:002013-02-16T01:29:52.656-02:00Sobre sistemas críticos, regulamentação de profissões etc...<br />
<b>tl;dr</b>: Regulamentação? <b>Sou contra</b>. A comparação com engenharia, medicina etc... é <b>descabida</b>. Software crítico não é desenvolvido no <i>GitHub</i> por entusiastas. Seu software muito provavelmente não é crítico.<br />
<br />
Às vezes ainda ouço discussões sobre regulamentação das profissões de informática. E vejo frequentemente, para justificar a regulamentação, a analogia com os engenheiros. Como quase-engenheiro, afirmo que simplesmente <b>não existe</b> como comparar o trabalho de um engenheiro com o da maioria dos desenvolvedores no aspecto da segurança do produto final.<br />
<br />
Se uma estrutura ou um equipamento falharem,<b> milhares de pessoas podem morrer, um país pode parar</b>; para a maioria dos softwares, uma falha muitas vezes será <b>um mero incômodo passageiro</b>. (Desconsiderando gente que enlouquece quando o Facebook cai :)<br />
<br />
Já vejo que vão falar em <b>software crítico</b>, então vamos ao que interessa:<b> software crítico</b> - aquele que lida com processos físicos de grande complexidade, vidas, grandes somas de dinheiro, etc... - <b>não é desenvolvido por um profissional solitário</b>: ele é desenvolvido por <b>equipes</b> com gente de várias áreas, que trabalham sob <b>protocolos, legislações e normas extremamente rígidas</b>.<br />
<br />
Esse tipo de software passa continuamente por <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Verifica%C3%A7%C3%A3o_formal">verificação formal</a>, <i>peer review</i> e outros sistemas; uma mudança só é realizada após ficar demonstrado que ela não afeta o funcionamento de nenhuma outra parte do sistema. <b>Testes extensivos são realizados</b>, tanto em simulação quanto em <i>hardware</i> físico (muitas vezes com bancadas de teste completamente automatizadas, sem interação humana). <b>Todas as decisões de projeto são documentadas</b>, conforme mandam normas de órgãos reguladores e sociedades profissionais como a IEEE.<br />
<br />
O firmware que vai num carro, num avião ou num robô cirúrgico, em aplicações onde o fabricante pode ser responsabilizado por eventuais falhas que venham a acontecer, muito provavelmente <b>não vai ser desenvolvido</b> por entusiastas colaborando no <i>GitHub</i> e coordenando atividades por um canal de IRC, nem por um time constituído apenas de desenvolvedores: vai ser desenvolvido por uma <b>equipe</b> de engenheiros, físicos, matemáticos entre outros. De forma <b>interdisciplinar</b>, cada profissional trabalhando na área do conhecimento que lhe é pertinente.<br />
<br />
Vai ser desenvolvido <b>em conjunto com o hardware</b>, mantendo contato com essa equipe e com os órgãos do governo que fazem a certificação dos sistemas e subsistemas. Vai ser projetado com uma <b>arquitetura robusta e redundante</b> em nível de hardware: mesmo que todos os microprocessadores do meu carro parem, eu terei - ou ao menos devo ter - condições de parar ele no acostamento e acender o pisca-alerta. <br />
<br />
<b>O mesmo</b> eu posso dizer do sistema pelo qual passam todas as transações de um banco, do supervisório do sistema elétrico de um país ou da plataforma que coordena todos os processos de uma grande indústria: <b>não são desenvolvimentos </b>que estão ao alcance dos desenvolvedores comuns, e <b>não são projetos</b> onde novos recursos são adicionados a todo instante.<br />
<br />
<i>Se sair do ar, perco o dinheiro que o AdSense me paga</i>, <i>um erro no banco de dados fez com que as pessoas não pudessem jogar nosso jogo</i> ou <i>um bug fez com que pessoas não consigam se inscrever para uma promoção</i> <b>não tem nada de crítico</b>. Crítico é <i>se sair do ar, milhões de pessoas não poderão receber seus salários amanhã</i>, <i>um bug fez com que um país inteiro fique sem energia</i>, <i>um erro no banco de dados impediu um atendimento de emergência</i> etc....<br />
<br />
Normalmente essas aplicações de missão crítica são áreas onde já, pela própria definição e natureza delas, <b>não existe espaço</b> para amadorismo ou para <i>hacks</i> questionáveis. E os desenvolvedores delas são as <b>exceções</b> altamente especializadas, não a regra. Então, não use ela como justificativa: seu software<b> pode ser importante</b> (e provavelmente ele é), mas ele <b>não é crítico</b>.<br />
<br />
Empresas que desenvolvem sistemas críticos <b>exigem</b> titulação (muitas vezes mestrado ou doutorado) nas áreas de interesse. <b>Exigem</b> experiência comprovada e conhecimento das normas e legislações respectivas. Assim,<b> qualquer outra regulamentação já se torna irrelevante</b>: os contratadores efetivamente são quem regulamenta o mercado.<br />
<br />
<b>Outro motivo pelo qual me posiciono contra</b>: trabalho, entre outras coisas, com desenvolvimento de <i>software</i> embarcado (não em aplicações críticas). Não tenho formação na área de informática: o que eu uso para meu trabalho, aprendi sozinho devido ao questionável estado do curso que faço.<br />
<br />
Então, com uma lei dessas, pode ser que eu não possa mais exercer meu trabalho, mesmo eu tendo projetado o <i>hardware</i> e agora estar escrevendo o <i>firmware</i> ou o <i>driver</i> para ele. Muito bom - só que não.<br />
<br />
Profissionais de diversas áreas podem ser, e muitas vezes são, excelentes desenvolvedores, desenvolvem várias bibliotecas e softwares amplamente utilizados, e se veriam em uma situação complicada com uma eventual regulamentação. Um médico ou um engenheiro que venha a desenvolver software para uso na sua profissão, e transforme isso em um negócio, precisa ter diploma de informática?<br />
<br />
<b>Temos também mais um motivo</b>: informática é uma das poucas áreas que permite que um autodidata chegue ao mesmo nível de um profissional diplomado. Quer mexer com eletrônica? Para sair do básico, prepare-se para comprar instrumentação, montar placas de circuito impresso com componentes menores que a ponta do seu dedo etc... Seu <i>hobby</i> é a música? Vai ser necessário montar um estúdio, comprar instrumentos entre outros. São áreas de interesse que envolvem tempo, dinheiro, espaço, ferramental, entre outros recursos não tão facilmente acessíveis.<br />
<br />
Já a informática? Se você está lendo esse blog, <b>você provavelmente já tem todo o equipamento necessário</b>: um computador e um cérebro (<i>embora às vezes, parece que falta o segundo para alguns</i> :). Qualquer pessoa com um mínimo de interesse pode aprender a programar, colaborar com projetos de software livre, etc.... Não me parece nada justo criar uma reserva de mercado apenas para quem tem um diploma que muitas vezes <b>não significa nada</b>. Nenhum dos grandes desenvolvedores atuais chegou até onde está hoje apenas com as aulas, os trabalhos e os diplomas.<br />
<br />
E exatamente: um diploma é um pedaço de papel que significa <i>tive aproveitamento nas disciplinas e apresentei um TCC</i>. Mesmo que <i>aproveitamento</i> seja <i>passar em tudo com a nota mínima</i> e o TCC seja um projeto trivial. Nada diz quanto à capacidade do formando.<br />
<br />
<br />
<i>Mas a regulamentação vai impedir a sobrinhagem</i>. Adivinhe? Não vai! O "sobrinho" vai comprar o diploma numa Universidade Tabajara e continuar sobrinhando. Já vi<b> código péssimo</b> vindo de pessoas supostamente com doutorado em Informática, e já vi código muito bom vindo de entusiastas. Assim como já vi projetos péssimos vindos de pessoas formadas em Engenharia.<br />
<br />
<br />
<i>Mas a regulamentação vai impedir os maus profissionais. </i>Leia o que eu escrevi no parágrafo acima. E a regulamentação em pouco ou nada defenderá os direitos dos usuários.<br />
<br />
Não vejo vantagem nenhuma em regulamentação das profissões relacionadas à informática, especialmente quando ela se dedica simplesmente a fechar o mercado e garantir um mercado enorme para as faculdades pagou-passou, excluindo profissionais que chegaram lá sem precisarem de 4 anos - <b>muitas vezes perdidos, </b>que poderiam ter sido investidos de forma melhor<b> </b>- de sala de aula, mas com muito mais conhecimento do que alguém que simplesmente fazia o que era pedido nos trabalhos.<br />
<br />
Existe uma ampla diferença entre <i>regulamentar uma profissão pela responsabilidade que ela exige, pelo risco de vida que ela envolve</i> (que é o caso da Engenharia, Medicina etc...) e <i>regulamentar por regulamentar </i>ou <i>regulamentar a pedido de um grupinho de profissionais ameaçados - </i>que é o caso da Informática.<br />
<br />
<i>Nota: existem propostas muito mais razoáveis, como essa da <a href="http://homepages.dcc.ufmg.br/~bigonha/Sbc/plsbc-original.html">SBC</a> - que vai justamente contra o que certos burocratas querem: derruba por terra eventuais conselhos fiscalizadores e define liberdades no exercício das profissões de informática. </i><br />
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-76884765571536766752013-02-08T22:25:00.005-02:002013-02-08T22:25:59.105-02:00Exportando dados do LTspice e lendo eles em um programa Python + ajuste de curvas(Obs.: post técnico, mas nada que um mortal não consiga ler)<br />
<br />
Esses dias, precisei ler dados gerados no <a href="http://www.linear.com/ltspice">LTspice</a> em um programa Python. Aliás, essa é uma solução relevante para incluir gráficos do <a href="http://www.linear.com/ltspice">LTspice</a> em trabalhos acadêmicos, papers etc... visto que ele não gera gráficos de boa qualidade visual quando impressos.<br />
<br />
A solução é bem simples:<br />
<br />
No <a href="http://www.linear.com/ltspice">LTspice</a> desenhe o circuito, simule etc... Selecione o gráfico, mande File/Export para gerar um .txt, selecionem os sinais a serem armazenados no arquivo. Como exemplo usei o circuito abaixo e fiz uma análise CC, variando V1 e medindo a tensão antes dos diodos:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOHWvH-yJk8T4Xg4YHRidY0KHXC7FICwWfFuFedmI02trNzmIoG1miJIe99D5G1qQ5cxtqgBEVh65-kSawzuHa8NVL1SiANIZ4vwqrtef5ei_33-ifLngwZJzgKoN1yIwzWS4plhQDxAc/s1600/2013-02-08-221717_1920x1080_scrot.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOHWvH-yJk8T4Xg4YHRidY0KHXC7FICwWfFuFedmI02trNzmIoG1miJIe99D5G1qQ5cxtqgBEVh65-kSawzuHa8NVL1SiANIZ4vwqrtef5ei_33-ifLngwZJzgKoN1yIwzWS4plhQDxAc/s320/2013-02-08-221717_1920x1080_scrot.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Vou chamar esses resultados de <i>diodo.txt. </i>O LTspice gera um arquivo delimitado por tabulações.<i> </i>Agora, para ler em Python, eu poderia usar a biblioteca <a href="http://docs.python.org/2/library/csv.html">csv</a>, mas existe uma forma mais pythônica de ler esses dados e plotá-los: usando a função <a href="http://docs.scipy.org/doc/numpy/reference/generated/numpy.loadtxt.html">loadtxt</a> da biblioteca <a href="http://scipy.org/">NumPy</a>.<br />
<br />
Os parâmetros dessa são:<br />
<ul>
<li><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">fname</span>: nome do arquivo</li>
<li><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">dtype</span>: tipo de dados esperado</li>
<li><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">delimiter</span>: separador</li>
<li><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">skiprows</span>: quantas linhas pular no começo</li>
<li><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">usecols</span>: uma tupla que permite especificar as colunas que queremos pular</li>
</ul>
A partir daqui ficou óbvio do que precisamos: da fname e da skiprows (a primeira linha é cabeçalho). Assim, teremos o código a seguir:<br />
(se não abrir: https://gist.github.com/renanbirck/4743036)
<script src="https://gist.github.com/renanbirck/4743036.js"></script>
<br />
<br />
Ele pode ser usado com o arquivo <a href="http://dl.dropbox.com/u/16033520/diodo.txt">diodo.txt</a> que forneço de exemplo (aviso: 4 MB. <b>Clique com o botão direito e mande salvar</b> para o seu browser não sentar)<br />
<div>
<br />
Obteremos isso:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirimNRxQuswgjmkGtXcgL84rQ5iNzvdm2buN3JUMeSj67BC3xYCgrf8TgMxUrp4oy6DMeeS42tm7qt9sNliuFc4sxCc9vTgK_5NqT4J9L05df4m683Hoq5nhOrjjlOaDzUohmH8u2-b3U/s1600/figure_1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirimNRxQuswgjmkGtXcgL84rQ5iNzvdm2buN3JUMeSj67BC3xYCgrf8TgMxUrp4oy6DMeeS42tm7qt9sNliuFc4sxCc9vTgK_5NqT4J9L05df4m683Hoq5nhOrjjlOaDzUohmH8u2-b3U/s320/figure_1.png" width="320" /></a></div>
<br />
Podemos mexer na legenda, etc etc... mas cheguei ao que eu queria demonstrar.<br />
<br />
E agora, já que temos esses dados, podemos ajustar eles a um modelo. Visualmente, nota-se que eles parecem com uma <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Tangente_hiperb%C3%B3lica">tangente hiperbólica</a>. Assim, façamos um modelo do tipo<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAjAavPvr_JaxbD7RZ4oN69VAJ4Qa0IiQk3Ple8-V4TKAfQ1ui3hhoyYeVLdSX3k-l6j_rEpZpJ-yByTElM6wJGmOZ5agax-a1Xe9QPbQDgFCT7qVU7CaLM1ZQZ2BX969iW71tbe5lJUg/s1600/CodeCogsEqn.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="19" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAjAavPvr_JaxbD7RZ4oN69VAJ4Qa0IiQk3Ple8-V4TKAfQ1ui3hhoyYeVLdSX3k-l6j_rEpZpJ-yByTElM6wJGmOZ5agax-a1Xe9QPbQDgFCT7qVU7CaLM1ZQZ2BX969iW71tbe5lJUg/s640/CodeCogsEqn.gif" width="640" /></a></div>
<br />
e usaremos o método dos <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_dos_m%C3%ADnimos_quadrados">mínimos quadrados</a> para ajustá-lo a uma função desse tipo (poderíamos usar qualquer outro método de otimização). O código então tornar-se-á:<br />
(se não abrir: https://gist.github.com/renanbirck/4743133)
<script src="https://gist.github.com/renanbirck/4743133.js"></script>
<br />
<br />
Após executarmos, obtemos o gráfico:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGOrSKF4kxDX7kCMU75DuMBMXlLDwi65cWe6-j3BuxDBUv967PbNMcwmtDDD8hHMVujOolOj9wGWhHgnCnNQjztEu1Fm5MA64brFivRIU5PYbLHBFh5S5YkTSALM8hTzOLP91xbX4XhdI/s1600/ajuste.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGOrSKF4kxDX7kCMU75DuMBMXlLDwi65cWe6-j3BuxDBUv967PbNMcwmtDDD8hHMVujOolOj9wGWhHgnCnNQjztEu1Fm5MA64brFivRIU5PYbLHBFh5S5YkTSALM8hTzOLP91xbX4XhdI/s320/ajuste.png" width="320" /></a></div>
<br />
Como queríamos demonstrar, obtivemos um bom ajuste. O modelo é bem adequado; para visualizarmos os parâmetros bastaria um <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">print p</span> no final do código.<br />
<br />
E nem doeu: foram exemplos adaptados do que eu encontrei na documentação do SciPy. :)<br />
<br />
Quanto ao desempenho, a leitura dos dados leva 2 segundos, e o ajuste cerca de 15 segundos num<a href="http://ark.intel.com/pt-br/products/53469"> i7-2670QM</a>, mas isso pode (e vai) variar dependendo do chute inicial; para um trabalho mais avançado seria interessante e necessário fazer um <i>meta-ajuste</i>.</div>
Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-45366466085633512612012-12-24T01:30:00.001-02:002012-12-24T01:30:30.373-02:00Por que eu realmente não gosto do MATLABAcredito que todos que me conhecem saibam que eu realmente não gosto do <i>MATLAB</i> e já tenham me ouvido expressar meu desprezo por ele. Não deveria (afinal, ele é o ganha-pão da área onde eu trabalho), mas deixo isso bem claro toda vez que eu falo sobre ele. Vamos a alguns motivos:<br />
<br />
<b>Primeiro:</b> a linguagem dele é péssima, tanto é que surgiram infinitos 'hacks' em cima. Impossibilita código limpo, por não ter coisas como uma boa implementação de argumentos nomeados, <i>namespaces</i> e uma orientação a objetos de verdade.<br />
<br />
E por sinal, uma das maiores (na minha opinião) abominações é que o arquivo de código (<i>.m</i>) precisa <b>mandatoriamente</b> ter o mesmo nome da primeira função neste presente. Porque aparentemente includes são luxo: imaginem uma linguagem C onde em vez de <i>stdio.h</i> tivéssemos <i>printf.h</i>, <i>scanf.h</i>, etc...? Legal, só que não.<br />
<b><br />Segundo:</b> ambiente proprietário, <i>bugado</i>, com pouca integração com o resto do sistema, lento (quem foi o <i>jênio</i> que teve a ideia de que Java era uma boa ideia? Qual o problema com C/GTK ou C++/Qt?) e limitadíssimo. Várias vezes ele simplesmente acusou um <i>fatal error</i> no meio do trabalho e depois fechou.<br />
<br />
<b>Terceiro:</b> limitações imbecis. Outro dia eu implementei um algoritmo que beneficiaria extremamente de processamento paralelo (tenho um <i>i7</i>, e não é justo que eu só consiga ocupar um dos núcleos). Para isso existe a <i>toolbox</i> de processamento paralelo do MATLAB, mas adivinhem a limitação <b>completamente burra</b> que existe: um "for" paralelizado só <b>funciona quando o iterador é inteiro</b>.<br />
<br />
Tirando da própria <a href="http://www.mathworks.com/help/distcomp/parfor.html">documentação dele</a>:<br />
<br />
<i>parfor loopvar = initval:endval, statements, end allows you to write a loops for a statement or block of code that executes in parallel [....] initval and endval must evaluate to finite integer values [...].</i><br />
<br />
Em tradução livre: <i>parfor var_loop = val_inicial:val_fim, comandos, end" permitem você escrever um loop para um conjunto de comandos que executa em paralelo [....] <b>val_inicial e val_fim precisam ser números inteiros</b> [...]</i> (grifo meu)<br />
<br />
Sim, é isso mesmo: ou o loop <b>só itera sobre números inteiros</b> ou eu subutilizo minha CPU. Uma limitação totalmente arbitrária. Claro que vão aparecer gambiarras diversas para contornar a limitação: sinal de um sistema mal-projetado.<br />
<br />
E principalmente: a maioria das pessoas usa ele <b>por não ter que comprar a licença</b> (afinal, tem no <i>Pirate Bay</i> ou é só pedir o DVD pra um dos colegas). Se tivessem que pagar por cada <i>toolbox</i> - não, ele não vem com esse monte de <i>toolboxes</i> (eu queria ver o custo de cada uma, mas preciso preencher um cadastro que realmente não estou animado a fazer) - queria ver se existiria tanta babação de ovo em cima dele. Queria ver se professores iriam montar cursos inteiros em cima dele, ou se haveria tanta gente usando ele para mestrados e doutorados.<br />
<br />
Aliás, queria ver se o pessoal ia defender software proprietário tão descaradamente e ia ficar nessa preguiça de procurar alternativas se não fosse fácil assim piratear. Mas isso é assunto para outro post. Lembrem, enquanto isso, das discussões sobre a <a href="http://renanbirck.blogspot.com.br/2012/02/consideracoes-sobre-software-livre.html">necessidade de fazer ciência com software livre e formatos abertos</a>.<br />
<br />
Existe a versão para estudante? Sim, que é <a href="http://www.mathworks.com/academia/student_version/">uma piada de mau gosto</a>: limitadíssima. Só 32-bit (quase em 2013, quando qualquer computador atual já vem com SO 64-bit) e com recursos desativados. Comparar com a <a href="https://www.wolfram.com/solutions/education/students/">versão para estudante do Mathematica</a>: <b>nenhuma limitação técnica</b> - apenas restrições contratuais de uso (não pode explorar comercialmente, precisa fornecer comprovante de que é estudante etc...).<br />
<br />
Quanto à questão das licenças, podem me perguntar: <i>e o Octave? e o Scilab?</i>. Ambos imitações que copiam os vícios da linguagem de inspiração. <b>Imitar uma coisa ruim torna a imitação igualmente ruim - se não pior.</b><br />
<br />
Enquanto isso, fico com o <i>Python</i> e a comunidade fantástica que existe ao redor dele. Se eu tiver que usar um software científico proprietário, fico com o <i>Mathematica</i> - que, apesar da estranheza da linguagem, entrega muito mais valor pelo mesmo preço (várias das <i>toolboxes</i> que são opcionais no <i>MATLAB</i> estão incluídas por padrão nele). Minha 'loja' de toolboxes é o <a href="http://pypi.python.org/pypi"><i>PyPI</i></a>, o <a href="http://github.com/">GitHub</a> etc... Considere o Python para seu próximo projeto, não dói nada (principalmente para quem vem do MATLAB: a <i>NumPy</i>, <i>SciPy</i> etc... são projetadas para fornecerem um ambiente de fácil adaptação). <br />
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PS: no quarto parágrafo, a escrita errada de <i>jênio</i> foi intencional.Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3699139125399401559.post-75214866393018385312012-12-09T01:52:00.000-02:002012-12-09T01:52:12.201-02:00Como ser sem-noção ou mal-intencionado mesmo: o caso Tecnomania<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4wOKAkJBRjKREocs1c-8u-8VFGsqz3KSWLzE2Q8WnXaXLx766hk3bMwTrLojB4Q0jI-PH9VC-rkkfbdG8t6LuwPO1MbKbhmO2vrRTf0pxpBFWJgfDEsHDsZE0q5CjGij0j2UGtGMlgPI/s1600/wtf+tablet.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4wOKAkJBRjKREocs1c-8u-8VFGsqz3KSWLzE2Q8WnXaXLx766hk3bMwTrLojB4Q0jI-PH9VC-rkkfbdG8t6LuwPO1MbKbhmO2vrRTf0pxpBFWJgfDEsHDsZE0q5CjGij0j2UGtGMlgPI/s1600/wtf+tablet.png" width="320" /></a></div>
Todo mundo já conhece a <a href="http://tecnomania.com.br/">Tecnomania</a>, da gloriosa Tekpix, a excelente câmera que ninguém tem, ninguém nunca viu e que tem lentes de diamante, processador de imagens com tecnologia da NASA e cartão de memória quântico de 216.5 TB, podendo fotografar o invisível e ser tão ou mais poderosa que o <i>Hubble</i> e um microscópio de elétrons ao mesmo tempo - isso justifica o preço de <a href="http://www.tecnomania.com.br/produto_detalhe.asp?IDProduto=3532">mais de R$ 3500</a>.<br />
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<br />Mas eles não se restringem a isso: já pensou em comprar <a href="http://www.tecnomania.com.br/produto_detalhe.asp?IDProduto=3786">um tablet Android</a> genérico pelo preço de 2 iPads? Eles vendem. Um tablet de 7", com recursos tão avançados quanto os de 'relógio' e 'configurações'.<br />
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Para comparação, o preço do iPad mais caro disponível no Brasil, na mesma data era de <a href="http://www.submarino.com.br/produto/111421351/novo-ipad-64gb-preto-wi-fi-apple">R$ 1999</a>:<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkY67tCqqk7GkKhTObOiZDvhwDEtvyr0QZvSqF8BxwDzql98A5Ve7fup4PtXC2sY42jJ9_dVjCXHIyad-wc3s3b0geKxNnGW_Lwu1hsWvBjbOz3niIomty-_-Te1YzgxRqg3cgbXFFsKk/s1600/ipad+pre%C3%A7o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkY67tCqqk7GkKhTObOiZDvhwDEtvyr0QZvSqF8BxwDzql98A5Ve7fup4PtXC2sY42jJ9_dVjCXHIyad-wc3s3b0geKxNnGW_Lwu1hsWvBjbOz3niIomty-_-Te1YzgxRqg3cgbXFFsKk/s1600/ipad+pre%C3%A7o.png" width="320" /></a></div>
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<br />Acho que eles tomaram umas lições com a unidade brasileira da Apple, com a diferença que o produto deles não pode nem ser chamado de <i>Héppow. </i>Provavelmente é um tablet genérico, desses que se encontra às pencas na China e que <a href="http://portuguese.alibaba.com/product-gs/allwinner-a13-q88-white-black-pink-red-blue-multicolor-7-inch-tablet-707571263.html">custa US$ 40~60 no atacado</a>:<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrpXCZ9O42NmnzY_fkpOAMbz_mc6t4ErCaDU2pAaxMNI8j3rd6Yv8TtFOw7Yv81GfcDtIbgj9wXxCrfroBKtyZt6AK_OzxkOLKJcvBr7Gv-xVnEnai2xaPQ3OO8NMvS-m8rbmIhzFzK8M/s1600/tablet+alibaba.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrpXCZ9O42NmnzY_fkpOAMbz_mc6t4ErCaDU2pAaxMNI8j3rd6Yv8TtFOw7Yv81GfcDtIbgj9wXxCrfroBKtyZt6AK_OzxkOLKJcvBr7Gv-xVnEnai2xaPQ3OO8NMvS-m8rbmIhzFzK8M/s1600/tablet+alibaba.png" width="320" /></a></div>
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Ainda não está satisfeito? Você pode comprar<a href="http://www.tecnomania.com.br/produto_detalhe.asp?IDProduto=3295"> um cartão SD de 2 GB</a> por R$ 299. Excelente compra, não? Vendo os cartões de 2 GB que eu tenho aqui na gaveta por R$ 100, cobrindo o preço da concorrência!<br /><br />Sem falar nos outros produtos disponíveis na loja, todos com um preço que passa longe de ser minimamente coerente. Como exemplo, temos esse <a href="http://www.tecnomania.com.br/produto_detalhe.asp?IDProduto=3549">forno elétrico</a>, que custa <a href="http://www.amazon.com/Cuisinart-TOB-195-Toaster-Broiler-Stainless/dp/B000PYF768">US$ 170 na Amazon</a> e R$ 1600 na Tecnomania. Não sabia que R$ 10 = US$ 1 (chamaram a hiperinflação de volta pro poder?).<br /><br />Fico pensando onde eles querem chegar com isso. Como não é ideal atribuir à malícia aquilo que pode ser explicado pela ignorância (a <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Navalha_de_Hanlon">navalha de Hanlon</a>), prefiro acreditar que eles querem fisgar o babaca que lê <i>em 12 vezes sem juros</i> e sai correndo comprar, ou que simplesmente são pseudo-vendedores burros esperando a ignorância de alguém?<br />
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Realmente existem otários a dar com pau (nos múltiplos sentidos) por aí; de outra forma, o que justificaria tudo isso?<br />
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Já que eu falei em <i>Tekpix</i>, aprenda a usar a sua com esse vídeo da Rede 2112 de Colaboradores:<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/r73yfnoe75I?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />E eles que se atrevam a deletar os produtos do site... tenho <i>ibagens</i> de todas essas páginas guardadas aqui e vou fazer questão de publicar elas em todas as formas.<br />Renan Birck Pinheirohttp://www.blogger.com/profile/00684135520501159997noreply@blogger.com0