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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Removendo recursos em nome do "minimalismo": o caso do GNOME 3

Uma das "novidades" no GNOME 3 será que o seu laptop/netbook automaticamente entrará em 'suspend' quando a tampa dele for fechada. No GNOME 2, o usuário pode escolher a atitude a ser tomada nessas circunstâncias, já no GNOME 3 tal opção somente poderá ser desativada pelo dconf.

A argumentação dos desenvolvedores do GNOME 3 gira em torno de ideias: "notebooks podem sobreaquecer e incendiarem quando fechados" e "queremos fazer uma interface simples". Ideias facilmente refutáveis de um ponto de vista mais power-user.

Para o caso da primeira, considero - do ponto de vista da engenharia - que nenhum laptop bem-projetado deva incendiar. Todos os processadores atuais têm mecanismos de proteção térmica, que modulam o seu clock ou desligam a máquina em caso de sobreaquecimento. E não vai ser com workarounds, mascarando problemas de hardware com software, que se resolverão defeitos em camadas inferiores (no kernel, ou mesmo falhas de projeto).

Eu não quero ter que interromper todos meus downloads que deixei rodando durante a noite com o notebook fechado (de forma a preservar a lâmpada e diminuir o consumo de energia), tampouco quero perder as conexões ssh ou chats no IRC que deixei abertos, ou mesmo uma compilação que leva a noite toda para rodar.

Soma-se a isso o fato do suspend não ser algo 100% funcional para todos os drivers (Intel com kernel antigo, por exemplo - suspend não funciona adequadamente), o que poderia gerar uma onda de frustrações e dores de cabeça - no meu caso, implicaria que não posso fechar meu laptop!

O segundo ponto: considero que de nada adianta simplificar e, no processo, prejudicar os usuários tirando recursos que em versões anteriores funcionavam bem e eram acessíveis de forma fácil (certamente muito mais fácil do que editar valores no dconf).

É uma pena que o GNOME esteja entendendo o menos é mais como tirar recursos que já funcionavam bem é tudo: ele poderia, se houvesse mais interesse dos desenvolvedores nesse aspecto, virar um exemplo de como é possível fazer um ambiente fácil de usar sem necessariamente privar os usuários de sua flexibilidade.

Mesmo o Windows permite que o usuário configure esse item, e a interface para tal parece suficientemente intuitiva mesmo para um não-geek. Pode não ser um primor de usabilidade, mas claramente é muito mais usável que editar entradas num registro (uma das grandes dores-de-cabeça do Windows, agora disponível para o Linux) - o que ironicamente contradiz as ideias de usabilidade e simplicidade.

Como solução, certamente aparecerão ferramentas no estilo do Ubuntu Tweak, que permitirão ao usuário desativar tal recurso - espero que o pessoal do GNOME seja esperto o suficiente para retornar os controles às mãos do usuário, e não sujeitá-los às arbitrariedades de pessoas que não conhecem o perfil de uso de cada pessoa.

Mas obviamente, precisar de uma ferramenta de terceiros para tapar os buracos de algo que já existia e foi extirpado, já complica as coisas para o usuário não-geek, aquele que o Linux quer (e precisa) cativar - o que é mais simples de fazer, digamos, por telefone: "fulano, vai em Sistema, depois em Preferências e depois em Energia, daí tu desativa" ou "instala tal coisa, depois vai em tal lugar, depois em outro"?

Sinto que o GNOME está indo pelo caminho errado: tratando o usuário como um idiota que não precisa - e nem deve - configurar nada, que sempre se contenta com programas com meia dúzia de configurações, e que aceita que outras decisões se imponham na forma como ele trabalha.

Pelo menos já migrei para o KDE, que me oferece uma boa quantidade de configurações facilmente acessíveis, e que não se apega a um minimalismo mamãe, quero ser Apple! que acaba se tornando restritivo, ao obrigar o usuário a mudar sua forma de trabalhar em vez de se adaptar ao meu dia-a-dia.