Esses dias, dentro do campus da UFSM (ou seja, um lugar onde supostamente todos são relativamente inteligentes), quase fui atropelado por um motorista que pensava ser a faixa de segurança uma mera decoração. Bem, "quase atropelado" é um exagero, mas tive que voltar pra calçada pois o condutô não viu que... passavam pessoas na frente dele.
Provavelmente essa ignorância em relação à faixa de segurança é o comportamento mais comum entre os idiotas motorizados que vemos. Especialmente em uma cidade cercada por outras menores, na qual o trânsito é completamente diferente: é bastante claro que alguns motoristas se comportam de forma análoga a de quem dirige em uma cidade de 3, 4, 5 mil habitantes, como verdadeiros donos da rua.
Outras atrocidades no trânsito também são comuns por aqui (e em qualquer cidade relativamente grande, acredito): ultrapassagens que desafiam as leis da Física, estacionamentos em locais inadequados, total desprezo à sinalização, e outras coisas que - acredito eu - deveriam ser ensinados como maus exemplos no trânsito, assunto esse que seria desnecessário se houvessem menos motoristas metidos a machões.
Não preciso nem entrar no mérito da masturbação sonora automotiva, praticada por tais pessoas, pois esse assunto já foi praticamente espancado neste blog, exceto que em vários casos ela vem acompanhada de irresponsáveis, que usam o veículo como dispositivo de auto-afirmação sexual, fingindo que estão arrasando nas pistas dos rachas, pegas e afins com seus equipamentos "tunados".
E como não lembrar, já que falei nesse assunto, dos motoqueiros (não confundir com os motociclistas) metidos a espertalhões, aqueles que cortam e se atravessam por qualquer brecha que veem entre os carros? Ironicamente, alguns deles são os que protestam contra a violência no trânsito. Não quero generalizar, até porque não faria sentido, mas é triste ver que um pequeno grupo mancha a imagem de todos.
Ou mesmo daqueles que decidem transformar uma avenida movimentada em um palco para suas acrobacias e palhaçadas diversas, irritando todo mundo com o barulho de suas máquinas, isso quando não colocam todos em risco, ou brincar de dar arrancadas e mostrar quem manda. De novo, o carro faz o papel de objeto sexual.
Lembremos, também, dos babacas que acreditam ser uma boa ideia jogar lixo pela janela do carro, ou mesmo parar o carro para jogarem uma latinha pela janela. É interessante ver que, depois de um tempo, esses serão os que reclamarão da sujeira, da poluição, entre outros problemas ambientais que eles mesmos criaram. E daqueles que exercitam a multitarefa no carro, comendo ou conversando alegremente no celular enquanto fingem dirigir com uma mão só.
Tudo isso colabora com a minha tese de que a tecnologia, nas mãos erradas de pessoas despreparadas, é um excelente amplificador para a ignorância e a estupidez. E, como pedestre, cansei de pessoas que transformam as ruas em campos de guerra com seus tanques motorizados. Só quero que atravessar a rua (já transformada em autódromo informal por alguns) não seja uma aventura, e que não sejamos vítimas de motoristas que acreditam que o seu assento é um lugar adequado para falar no celular ou fumar, jogando a bituca pela janela.
Coisas simples, mas que não são ensinadas em nenhuma auto-escola, e nem precisariam ser. Então, acredito que esteja na hora de vermos - ao lado das campanhas pela prevenção de acidentes - campanhas por um mínimo de bom-senso e de comportamento no trânsito.
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