Vi no BR-Linux uma notícia sobre o software Editom, editor de partituras, hospedado no Portal do Software Público. Resolvi baixar e... preciso me cadastrar. Para BAIXAR o programa, preciso deixar nome e e-mail. Na hora perdi a vontade de testá-lo.
Cadastro esse com direito a preencher um CAPTCHA que jogou combinações inadequadas de cores: um rosinha claro em um fundo branco. Ou seja, um deficiente visual, um daltônico, já estão excluídos por tabela. Onde está o discurso bonito de inclusão agora?
Somando-se a isso o fato de que, com um cadastro compulsório, torna-se bem mais difícil - talvez até impossível - escrever um script que baixe e empacote automaticamente o programa. Ou seja, significa que dificilmente o veremos nos repositórios de qualquer distro, a menos que algum desenvolvedor empacote-o manualmente.
Pergunto, agora: por quê simplificar alguma coisa se podemos complicá-la, colocando toneladas de barreiras entre o usuário e seu objetivo? Tudo isso para poder alardear a comunidade tem mais de 9000 membros, inflando estatísticas, construindo comunidades ilusórias? Infelizmente, é o que parece. É a mesma coisa que considerar alguém que ocasionalmente visita um site como visitante assíduo.
SourceForge, Google Code, GitHub e outros serviços para compartilhamento de software livre e desenvolvimento, não requerem cadastro para baixar um programa ou seu código-fonte - apenas para participar em fóruns, bug trackers, etc... (e ainda assim, podem-se acessá-los sem cadastro, apenas sendo necessário para postar) ou para enviar colaborações. Um método muito menos frustrante.
E inflar comunidades? É igual aqueles scripts siga 5 mil pessoas no Twitter, ou aqueles que ficam mendigando me add no Orkut. Adianta afirmar que uma comunidade tem um enorme número de membros se... boa parte deles só entraram ali por curiosidade, para ver se um programa atendia às necessidades deles, e depois saíram - ou não, ficaram por lá mesmo mas nunca mais voltaram?
Software livre não combina com burocracia e complexidade desnecessárias. E não vai ser manipulando números que se irá chegar a algum lugar. Nem obrigando seus leitores a se cadastrarem.
Enquanto isso, vivam os serviços como o Mailinator, que permitem a fácil criação de e-mails descartáveis.
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