Terça-feira passada, eu vi um funcionário da portaria do RU (Restaurante Universitário) da UFSM navegando na Internet e jogando on-line em pleno horário de serviço. A fila crescendo rapidamente e ele bem feliz olhando fotos no Orkut e brincando no seu joguinho. Em uma máquina cuja única função é rodar um browser, que acessa uma única página. Esperar-se-ia, portanto, que houvesse um sistema de bloqueios para evitar usos indevidos.
Em outra situação, vi (e, às vezes, ainda vejo) pessoas usando as máquinas das salas informatizadas da UFSM para downloads. A conexão fica lenta para todos e, quando vejo ao lado, uma pessoa está com o 4Shared ou o RapidShare abertos, alegremente enchendo seu pen-drive ou MP3 player com músicas e fazendo com que todos os outros patetas, digo, usuários precisem esperar minutos para abrir páginas.
Ainda por cima, vejo pessoas usando os terminais de CONSULTA (cujo objetivo já é claramente informado pelo nome) da biblioteca do CT sendo usados para acesso a internet (inclusive longas visitas ao orkut e compras on-line) e digitação de trabalhos. Mesmo que eu tente ser diplomático e apenas fique esperando (e olhando torto) a pessoa entender que aquilo não é o computador da casa dela, não adianta. Ironicamente, a mesma sala informatizada está disponível para qualquer aluno que faça um pequeno cadastro, criando um login e uma senha. Teoricamente, espera-se que pessoas aprovadas em uma universidade federal tenham um pouco de bom-senso, ainda que ele não seja ensinado em cursinhos.
Nessas horas, eu pergunto: onde está a administração de sistemas? Onde está aquele mesmo sysadmin que bloqueia várias palavras-chave relevantes (por exemplo, todas as URLs com 'blog' são bloqueadas, ainda que muitos projetos tecnológicos sejam divulgados em... blogs, e tal mídia não seja mais um reduto de aix genthi, hoje meuh diah foi fodástico, beijinhas)? Onde estão as proteções contra o desperdício de banda e de recursos?
Sei, assim como todos os alunos do CT, que há um proxy perfeitamente funcional, que regula o acesso dos alunos à rede. Entretanto, nem todas as máquinas estão integradas a ele. Se isso ocorresse, poder-se-ia, por exemplo, limitar o acesso dessas máquinas de uso específico. Mas não, é mais fácil chamar um "técnico" e aplicar não-soluções (como reinstalar o sistema e nem mesmo instalar os drivers).
Mas tudo bem, nessa mesma instituição, o desperdício é uma constante. Me canso de ver papéis mofando nos murais, documentos que estão disponíveis em formato eletrônico, palestras e eventos que já passaram, ofertas de estágio de 3 anos atrás, de empresas que inclusive foram afetadas pela crise econômica. Folhas inteiras usadas para imprimir uma única frase. E o pior: folhas BRANCAS, nada de papel reciclado ou mesmo reaproveitado (a velha e extremamente eficiente técnica de usar os dois lados). Onde está, nessas horas, a tão falada consciência ambiental? Gostaria que eles aplicassem o resto zero, tão divulgado no RU, nessas circunstâncias.
Também é comum ver, nas várias bibliotecas, livros antigos, muitas vezes com conteúdos desatualizados. Alguém se interessa, por exemplo, em um livro de informática de 35 anos atrás, com exemplos em cartão perfurado? Ou em catálogos de eletrônica da década de 40, da época das válvulas e da TV preto-e-branco? Ou em livros de 100 anos atrás caindo aos pedaços? Por mais que livros antigos sejam interessantes, garanto que há coisas muito mais importantes a serem feitas do que guardar papel que poderia ser reciclado e, novamente, gerar economia que poderia ser investida nos livros novos de que a universidade tanto necessita.
E no galpão-casa de máquinas-almoxarifado da Engenharia Elétrica, que visitei esses dias, encontram-se diversos eletrônicos velhos. Alguém se interessa por um poderoso XT, ou por drives de disquete de 5¼? Ainda garanto que esses dispositivos teriam utilidade como fonte de componentes eletrônicos para experimentos diversos. Pode não ser muito, até devido à idade desses componentes pode ser difícil achar documentação, mas é muito mais interessante do que uma sala coberta com pó.
Garanto que, se fosse economizado dinheiro nessas pequenas coisas, seria possível fazer todas as compras de que a universidade tanto necessita. Seria possível trocar os livros de 40 anos atrás por alguns atuais. Seria possível atualizar o hardware e o software das salas de informática. Seria possível contratar mais funcionários para o RU (mas não funcionários que usassem os seus computadores funcionais para fins pessoais). Entre muitas outras necessidades urgentes para aquela que é, ou gostaria de ser, considerada uma das melhores universidades do Brasil.
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