- Outro dia vi num desses grupos de vendas no Facebook alguém perguntar se um produto era original ou réplica (eufemismo para falsificado). A resposta: não é réplica. Não é réplica (frase essa que poderia teria sido dita mais claramente: é original) ou não, é réplica? Ficou a dúvida, causada pela simples ausência de uma vírgula.
- Em outra situação, fui avisado por um colega (chamá-lo-ei de A) que precisava fazer um outro trabalho de uma disciplina para ser entregue no mesmo dia: entrei em pânico, até que conversei com outro colega meu - o qual confirmou que A se referia a um trabalho que já tinha sido proposto (mas que A não tinha feito ainda).
Para quem não me conhece: sou chato com erros de escrita, principalmente os grosseiros e evitáveis (cada vez que eu leio alguém errando algo básico, eu choro). Aliás, tenho para mim que boa parte dos mal-entendidos são causados pela má comunicação. Frases sem sentido, vocabulário inadequado, pensamentos mal-estruturados, a necessidade inteira de adivinhar o que o interlocutor está dizendo.
Acho que todos nós podemos lembrar de algum exemplo onde fomos induzidos ao erro, a conclusões inadequadas ou incorretas, etc... por uma ambiguidade ou por uma frase mal-escrita, ou mesmo de quando perdemos a paciência com gente que precisa falar muito para dizer pouco.
Não é questão de falar difícil: isso muitas vezes mais atrapalha do que ajuda! Há pessoas que infelizmente precisam mostrar que sabem e transformam qualquer frase em um texto rebuscado. É questão de falar de forma minimamente adequada para a situação: e-mails profissionais não combinam com vc ou com migo, e nenhuma situação combina com FALAR GRITANDO SEM VÍRGULAS.
Outra situação, infelizmente comum, é entender o inglês de algumas pessoas (que deveriam se preocupar primeiramente em aprender a estruturar um raciocínio ou uma sentença, em sua língua nativa mesmo). São erros aqui, abreviaturas para cá, etc... que acabam afetando o entendimento da frase.
Por mais que meu inglês tenha alguns problemas, eu nunca precisei (e nem vejo sentido, não estou escrevendo um telegrama cobrado por palavra) trocar you por u: isso mais atrapalha do que ajuda. A propósito: não, um tradutor on-line não é um bom substituto para aprender o idioma, no máximo ele quebra um galho quando você não entende uma palavra ou uma frase.
O que precisamos, ao menos em situações profissionais, em situações mais sérias, é comunicarmos bem: sermos objetivos, diretos e respondermos ao que é pedido ou perguntado, de forma clara. É simples, mas é algo que muitos não dominam - até por que essa habilidade não é treinada. Ao contrário: por vários motivos, criou-se a cultura do lero-lero, do colocar texto para encher páginas. Daí temos manuais de instrução que não instruem, notícias que não noticiam, picuinhas semânticas sobre o significado de uma palavra, etc...
Outro fator importante é a precisão: a dúvida é sobre X? Pergunte sobre X, mas não só sobre ele: o que levou você a chegar até X. Dê todos os dados necessários para resolver o problema. Não fale mais do que o necessário, nem menos (mas na pior das hipóteses é mais fácil dar mais informações: em último caso pode-se descartar o que não interessa).
Falta de comunicação, ou a má qualidade dessa, mata, atrapalha, atrasa projetos e cria situações desagradáveis. Mas infelizmente muitos não conseguem superá-la, seja por desconhecimento, seja pela necessidade de falar difícil (especialmente quando é para enganar os outros), ou simplesmente pela preguiça ou descaso de escrever com maiúsculas e sem abreviações.
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