Sejam dois profissionais, de igual formação acadêmica e trabalhando na mesma profissão.
- Profissional 1 projeta e planeja com base na experiência dele e dos outros. Fugir do foco do projeto? Não, a menos que seja necessário e justificável. Ele vai usar a solução mais adequada para resolver um problema. Ele não trabalha sem especificações - e quanto mais bem definidas, melhor.
- Profissional 2 faz as coisas da cabeça dele seguindo apenas suas vontades, seus caprichos e um ou outro modismo: é uma boa ideia fazer X, mesmo que fuja do foco do projeto. Ele vai tentar forçar soluções inadequadas, "por que é mais fácil" ou "por que eu já sei fazer".
- Profissional 1 documenta as suas decisões. Ele consegue entregar o trabalho para outra pessoa, que consegue retomar de onde ele parou. Se ele tiver que dar manutenção num projeto que ele fez há anos atrás, ele consegue.
- Profissional 2 acha que comentários, documentação etc... são "frescura" e que os bons não precisam disso. Aliás, o profissional 2 vive de se achar melhor do que ele realmente é, e usa isso como desculpa para não aprender tecnologias novas: ele não precisa disso, afinal o salário dele está garantido. Ou ele se apega a todas as novidades sem entender o que elas realmente são.
- Profissional 1 adota boas práticas desde o começo. Ele prima pelo trabalho dele ser limpo, enxuto e eficiente. Já o profissional 2? Só faz uma limpadinha por cima no final.
- Profissional 2 desenvolve e testa tudo de uma vez só; já o profissional 1 desenvolve iterativamente e testa conforme desenvolve, não começando outra parte do projeto até que uma esteja funcionando adequadamente. Aliás, uma das primeiras coisas que ele faz é especificar testes.
- Profissional 1 sabe que volume não é quantidade e que, aliás, as melhores e mais elegantes soluções são as mais simples. Já 2 quer é demonstrar a capacidade dele de ser prolixo.
- Profissional 2 consegue cobrar mais barato por isso e entregar o trabalho mais rapidamente: boa sorte para o cliente ou para quando ele mesmo tiver que fazer manutenção. Já o profissional 1 pode demorar mais, mas entrega um trabalho melhor.
Quando o projeto do profissional 1 dá errado ou não funciona de forma satisfatória, ele sabe por onde começar a corrigir os problemas. E provavelmente ele vai achar o problema: ele vai usar as ferramentas adequadas para descobrir o defeito.
Já o profissional 2 se desespera, rasga tudo e começa de novo. Ou usa a ferramenta errada, não é muito fácil mas dá pra dar um jeitinho.
Qual deles é o melhor profissional? Qual deles é o mais comum?
Se apegam a formas prontas para resolver problemas, e tentam forçar todas as soluções a caberem no mesmo molde, mesmo que isso seja péssimo de um ponto de vista técnico.
Mas o pior é ver empresas que sugerem que você se comporte como um profissional do tipo 2: recentemente, desenvolvendo com o hardware de um grande fabricante, uma das recomendações era encontrar um código parecido com o que você quer fazer, copiar e colar. Justamente para fugir da abstração que eles mesmos criaram. Na hora perdi a vontade de trabalhar com o hardware.
Profissional do tipo 2: não seja esse profissional. Aprenda a fazer direito, mesmo que isso lhe custe mais a curto prazo, para evitar o retrabalho, a perda de tempo (seja sua, seja do seu sucessor).
Aliás, o livro do qual eu tirei a citação do topo deste post é uma leitura bem interessante para qualquer profissão criativa: tudo que está lá pode ser facilmente adaptado.
(Fonte da foto: http://www.flickr.com/photos/jpaxonreyes/5034760960/lightbox/)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não são lidos e não me responsabilizo pelo conteúdo deles.