quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Por quê simplificar se podemos complicar? O caso do Portal do Software Público

Vi no BR-Linux uma notícia sobre o software Editom, editor de partituras, hospedado no Portal do Software Público. Resolvi baixar e... preciso me cadastrar. Para BAIXAR o programa, preciso deixar nome e e-mail. Na hora perdi a vontade de testá-lo.

Cadastro esse com direito a preencher um CAPTCHA que jogou combinações inadequadas de cores: um rosinha claro em um fundo branco. Ou seja, um deficiente visual, um daltônico, já estão excluídos por tabela. Onde está o discurso bonito de inclusão agora?

Somando-se a isso o fato de que, com um cadastro compulsório, torna-se bem mais difícil - talvez até impossível - escrever um script que baixe e empacote automaticamente o programa. Ou seja, significa que dificilmente o veremos nos repositórios de qualquer distro, a menos que algum desenvolvedor empacote-o manualmente.

Pergunto, agora: por quê simplificar alguma coisa se podemos complicá-la, colocando toneladas de barreiras entre o usuário e seu objetivo? Tudo isso para poder alardear a comunidade tem mais de 9000 membros, inflando estatísticas, construindo comunidades ilusórias? Infelizmente, é o que parece. É a mesma coisa que considerar alguém que ocasionalmente visita um site como visitante assíduo.

SourceForge, Google Code, GitHub e outros serviços para compartilhamento de software livre e desenvolvimento, não requerem cadastro para baixar um programa ou seu código-fonte - apenas para participar em fóruns, bug trackers, etc... (e ainda assim, podem-se acessá-los sem cadastro, apenas sendo necessário para postar) ou para enviar colaborações. Um método muito menos frustrante.

E inflar comunidades? É igual aqueles scripts siga 5 mil pessoas no Twitter, ou aqueles que ficam mendigando me add no Orkut. Adianta afirmar que uma comunidade tem um enorme número de membros se... boa parte deles só entraram ali por curiosidade, para ver se um programa atendia às necessidades deles, e depois saíram - ou não, ficaram por lá mesmo mas nunca mais voltaram?

Software livre não combina com burocracia e complexidade desnecessárias.  E não vai ser manipulando números que se irá chegar a algum lugar. Nem obrigando seus leitores a se cadastrarem.

Enquanto isso, vivam os serviços como o Mailinator, que permitem a fácil criação de e-mails descartáveis.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

É DE MAIS DE 8 MIL! (ou Expen$ive Apple is Expen$ive)

Outro dia brinquei com um iMac 27". Confesso: até achei legalzinho. Então, fui ver na nossa Apple Store quanto saía. Resultado? OVER 9000, digo, over R$ 8199. Numa configuração razoável para uma máquina midrange: i5, 8GB RAM... de forma a não precisar de upgrades aftermarket depois.

E aparentemente a Apple usa hardwares banhados a ouro e instalados por ruivas de olhos azuis, pois como justificar que um HD de 2TB custe R$ 530 A MAIS que um HD de 1TB, e que 8GB de RAM custem R$ 700 a mais que 4GB? Nem aqui no interior, onde as lojas passam a faca devido à falta de concorrência, há uma diferença tão grande.

Só colocando um HD de 2TB e 8GB de RAM, meu iMac já foi pra R$ 8 mil. Sim, eu sei, isso se deve aos impostos. Mesmo assim, desqualifica o Mac para muita gente - incluindo eu. E não duvido que, por trás do excelente preço, mesmo que tiremos os impostos, ainda haja um quê de elitização de marca - ou a Apple gostaria de ver o moleque usando um iPhone pra ouvir funk no "buzão" e assistir filme pornô on-line (ops, me esqueci, não tem Flash no iPhone, ou seja, nada de RedTube, YouPorn e afins), ou os inclusos digitais instalando o Photoshop pirata nos seus Macs para fazer montagens horríveis?

Posso, com isso, montar uma puta de uma máquina (indo uns R$ 4 mil em um caso extremo - sinceramente não imagino como eu conseguiria gastar tudo isso em um PC, visto que não me interesso por placas de vídeo fodonas nem produtos "gamer"), investir em um par de monitores gigantes (uns R$ 1500, talvez?) e ainda sobra dinheiro para comprar uma mesa sofisticadíssima, ou um notebook low-end, ou um smartphone, ou uma câmera profissional. Ou mesmo comprar um Fusca. De qualquer forma acaba sendo melhor negócio que um iMac.

"Ah, mas Mac tem o Mac OS X, e esse teu 'PC montado' não!", gritam os Macmaníacos. É, é uma pena... ou não. Não acho que o Mac OS X valha essa mega diferença. Se um dia eu tiver o desejo de instalar o Mac OS X na minha máquina, posso tecnicamente apelar para os "hackintoshes" (embora eu dificilmente vá ter paciência ou mesmo vontade de fazer isso - talvez se eu ainda tivesse 13 anos e curtisse "warez"). Mas numa máquina dessas? Prefiro rodar um Linux. Sim, o mesmo Linux "feio" que eu uso na minha máquina atual. E os winusers mais fanáticos, com seus gritinhos "mas Linux não tem jogos!", "vai montar uma puta máquina pra rodar a MERDA do Linux?", por favor, experimentem o poder da Santa Granada de Mão. Grato.

Como eu já disse aqui no blog, não sou o público-alvo da Apple, e nem estou no perfil de usuário de Mac OS X. Meu "estilo de vida digital", se é que eu o tenho, não precisa de um iLife ou de um iTunes - e, aliás, quero distância desse último. Se, porventura, eu me visse usando tal sistema (e podem saber que choverá epicamente antes disso acontecer), iria usá-lo de forma similar a que uso Linux: terminais para todos os lados, ferramentas de linha de comando, softwares livres... Talvez a app mais "Mac-only" que eu usasse seria o Office.

Ah, na mesma oportunidade brinquei com o iPad, e achei o dispositivo completamente chato para um geek Linux. Mas provavelmente tudo isso se deve a eu ter uma certa blindagem ao campo de distorção de realidade e não simpatizar com o modelo centralizador da App Store. (e já vi alguns Mac users dizendo que "quem reclama da App Store é porque é a favor da pirataria". Excelente correlação binária, digna de um facepalm).