sábado, 2 de outubro de 2010

O ouvido como penico dos políticos

Amanhã, como todos sabemos, serão realizadas as eleições para deputados, senadores, governadores e presidentes. E vários candidatos decidiram divulgar seu número através de carros de som. A qualquer hora do dia - e principalmente nas horas mais inconvenientes - podemos ouvir os jingles de campanha deles. Hoje mesmo, a rua onde moro virou uma enorme carreata, com buzinaços de todos os tipos.

Uma perguntinha que nenhum deles respondeu: eles pretendem atrair eleitores matando cachorro a grito, transformando os ouvidos dos seus eleitores em penicos e tentando ganhar votos por exaustão dos eleitores, em uma mídia na qual não é possível conhecer nada sobre as propostas deles?

Outra constante em qualquer grande cidade são as placas estrategicamente posicionadas para atrapalhar a visão dos motoristas e pedestres. Como se alguém que passa por elas a 80km/h vá ver e se admirar "nossa! preciso votar nesse candidato!". Não: no máximo vai reclamar porque a placa dificulta a visão da pista ou tranca o caminho pelo qual o pedestre passava.

Por sinal, as poluições sonora e visual são as grandes pragas ignoradas de qualquer cidade maior. Fala-se tanto em despoluir, em preservar o meio-ambiente, mas se esquece que o tum-tum-tum de carros com música alta, ou paredes cheias de cartazes e propagandas, são tão desconfortáveis para uma pessoa quanto fumaça e sujeira largada no chão (ao menos nessas últimas eleições, os santinhos tem gradativamente sido abandonados - não recebi muitos esse ano).

É uma das poluições que (na minha opinião) mais incomoda, e cujo combate é tão ou mais difícil que as outras formas: de quem seria o interesse por tirar todos os cartazes de propaganda? Como impedir que o idiota dê uma voltinha com a sonzera lok do carro ligada, sem violar a liberdade de ir e vir? Quase impossível. E ainda assim, políticos teimam em aceitar essas formas de sujar como sendo válidas. 

Considero que propagandas agressivas, que irritem as pessoas, não servem para muito senão irritá-las, e também imagino que nenhum candidato queira ter seu nome associado à ideia de "sujão", barulhento, poluidor etc..., mas infelizmente, na busca incansável pelo voto, é o que boa parte deles fez, faz e fará nas próximas eleições.

E também, considero que votar nesses candidatos é homologar esta forma de propaganda como válida - e é o candidato barulhento que queremos para os próximos 4 anos? E aquele candidato que polui enquanto prega um programa ambientalista, "verde", "sustentável" (a buzzword do momento) de governo: hipocrisia ou hipocrisia?

Fiz, então, a decisão: não voto em candidato que transforma meu ouvido em penico. E em relação a um certo candidato (cujo QG é aqui perto de casa), resolvi xingar muito no Twitter (não que eu acredite nessa ferramenta como uma forma eficaz para uma comunicação mais séria, mas tudo bem). O que ele fez? Nada, não mudou nenhum hábito e nem deu satisfação. Excelente político que ele será... Me pergunto se, depois de eleito, ele irá falar gritando durante todo o seu mandato.

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