segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O aluno como gargalo da educação

Muito se fala em melhorar o ensino, em revitalizar as escolas públicas, entre outras estratégias para tentar tirar o Brasil da ridícula posição nos rankings internacionais. Porém, um aspecto crucial no processo, muitas vezes ignorado, acaba gerando um grande gargalo: o aluno e a educação que deveria vir de casa.

De nada adianta uma escola moderna, com infra-estrutura de primeiro-mundo, se os alunos vão para ela apenas para fazer bagunça, para destratar os professores, para praticar o bullying, entre outros comportamentos não-educativos - muitas vezes vítimas de vista grossa pela administração da escola - e até mesmo pelos pais de alunos (ah, mas meu filho não faz isso! ele é um bom filho!).

Como consequência desses eventos, obtém-se professores frustrados, muitas vezes ameaçados pelos alunos - que jogam sua própria incompetência nas costas do professor, ao tentar vingança por uma nota inadequada, mesmo que o aluno tenha dormido em todas as aulas e nunca tenha entregue um trabalho. E isso não se resolve simplesmente aumentando o salário. 

Do mesmo problema surgem alunos que acabam perdendo o interesse no estudo, ou mesmo o aluno interessado desenvolve estresse, depressão etc... devido aos paus e pedras verbais que ganham do aluno "fodão" que os ameaça de "nerd viadinho puxa-saco do professor" - exatamente o contrário do objetivo do ensino. E antes que falem ah, mas a vítima não pode ser forte e ignorar?, como já me sugeriram, isso normalmente tem uma das duas consequências:


  1. Fica implícito para o agressor que apenas a agressão verbal não basta, e que é preciso partir para a agressão física.
  2. Fica implícito para o agressor que o comportamento dele é aceitável e que ele pode continuar, visto que não houve reprovação.

Por sinal, como falar em uma sociedade tolerante, não-preconceituosa, quando a escola, de certa forma, tolera o racismo, a homofobia, a discriminação por qualquer motivo - como acontece no bullying?

Tudo isso é agravado pelo fato do professor não ter mais autoridade em sala de aula: não pode expulsar o aluno bagunceiro. Não pode reprová-lo. Qualquer nota zero é motivo de papai e mamãe irem lá reclamar, ou mesmo de professores sendo gentilmente convidados a alterar os históricos escolares. O professor tornou-se submisso às vontades do aluninho mimado, aquele que aprendeu com os pais que ele era um anjinho, cujas vontades sempre eram satisfeitas.

Outro clássico problema é o aluno que não quer pensar. Aquele que faz um trabalho na base do copiar e colar - e ainda se acha por isso, que sempre procura um jeito de se esquivar das perguntas do professor... e que ainda odeia aqueles que pensam e argumentam, ou que ao menos tentam. Seus "argumentos" normalmente passam por frases de brilhante conteúdo argumentativo (coisa de viado, quem faz isso é nerd, coisa de quem não come ninguém etc...). Excelente profissional ou universitário que ele será, não?
Na mesma classe inclui-se o aluno que não questiona, que se deixa manipular por qualquer opinião que venha de uma figura de autoridade. Um perfeito idiota, feito sob medida para o consumismo, e que provavelmente tornar-se-á mais uma geradora de preconceito.


Respeito, ética, senso crítico, não-preconceito, ceticismo: coisas que não se ensinam em sala de aula, e que deveriam vir de casa. Mas se elas não vêm, é necessário punir os alunos que não as possuem. Sim, é necessário expulsar o aluno que manda o professor tomar no cu, punir os alunos que tratam a escola como um lugar para bagunçar, e colocar os pais a par do que o "filhinho" está fazendo dentro da escola - fazendo com que eles respondam pelos filhos que não levam o material escolar mais importante: a educação que vem de casa. 

3 comentários:

  1. Gostei do finzinho (especialmente): podia ser incluído na lista de materiais:
    Lápis.
    Borracha.
    Caneta.
    Caderno.
    Boa Educação.

    =D

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  2. Estudei a vida toda em escolas públicas, hoje faço uma faculdade particular(prouni) pois não tem curso de TI nas universidades públicas daqui da cidade, sem falar que não tenho condições de morar em outra cidade para estudar.

    Nos meus tempos de ensino fundamental/médio, o que vi foi muita gente querendo passar sem fazer o mínimo de esforço, gente que copiava trabalho direto da internet e só imprimia para entregar(eu fiz muito isso...), e a parte mais triste era ver o pessoal sem argumento algum. Simplesmente ouviam o professor falar e aceitavam para si. Vejo isso até hoje na faculdade.

    É complicado...

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  3. Eu estudei em escola particular, e a situação não era muito melhor não. Aliás, era até pior, devido à questão dinheiro: reza a lenda que teve um pai de aluno que preparou uma PUTA de uma festa de formatura, cobertura da mídia e panz, o aluno reprovou e papai foi lá com $$$ pra ver se o filho era aprovado.

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