Como era de se esperar, depois da recente chegada da Curiosity à Marte, vemos uma tonelada de mimimis do tipo a NASA gasta dinheiro para isso, enquanto tem gente morrendo de fome na Terra: a velha história de colocar a culpa no lugar errado.
Simples: Não reclamem com a NASA, ela não tem nada a ver com isso, ela não é ONG ou instituição de caridade e tampouco está na missão dela o combate à fome.
Reclamem com os verdadeiros culpados: os bancos de investimento, que deliberadamente mantêm os preços dos alimentos altos para dar lucro aos seus clientes. Os governos, que dão financiamento para exportação de alimentos, mas que cobra impostos de quem produz alimentos para consumo interno. As multinacionais da alimentação, que monopolizam (com complacência do Estado) as terras (ainda) não-exauridas dos países em desenvolvimento, posto que nos seus países de origem elas já não servem mais para sustentar os hábitos de consumo.
A NASA não tem nada a ver com o estado em que os países ricos deixaram (e deixam, até hoje) os países emergentes, nem com o fato de boa parte das nossas terras ser usada para agricultura de alto impacto (com defensivos agrícolas - eufemismo para agrotóxicos) e pecuária.
E por sinal: ela custa apenas US$ 18 bilhões (ou 0,5%) do orçamento dos EUA - contraste, por exemplo, com o custo do Ministério da Defesa americano (algumas centenas de bilhões de dólares).
NASA's FY 2011 budget of $18.4 billion represents about 0.5% of the $3.4 trillion United States federal budget during the year. (wikipédia)
(O orçamento da NASA para o ano fiscal de 2011 representa cerca de 0,5% dos US$ 3,4 bilhões do orçamento federal dos EUA no ano [de 2011]).
Somando-se a isso o fato de muita da tecnologia empregada nesses programas ser produzida e desenvolvida nos Estados Unidos: algo extremamente bem vindo, se contrastarmos com o made in China de cada dia. Aliás, essa é uma das melhores razões para que qualquer país tenha um bom programa espacial: desenvolver tecnologia de ponta (já que ela não será facilmente comprada, por motivos muito óbvios). Um progresso muito mais desejável do que o simples desenvolvimentismo cego, de baixo valor agregado e de grande impacto social e ambiental que vemos nos países "emergentes".
A propósito, boa parte da tecnologia de ponta e boa parte do que usamos hoje surgiu ou foi aperfeiçoada com ideias desenvolvidas para aplicações espaciais. Se você usou telefone celular, GPS, um computador atual etc... pode ter certeza que passou pelos resultados da exploração espacial: e aí, são pesquisas "inúteis" mesmo?
Ao contrário do que pode parecer (talvez pela escassez mundial no jornalismo científico para os não-cientistas), cortar os investimentos em pesquisas julgadas inúteis não significa necessariamente que eles irão para resolver problemas sociais, e vice-versa: a existência de um não implica a (não-)existência do outro.
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