domingo, 12 de fevereiro de 2012

Idiotas em bibliotecas


Há um tempo atrás, fui fazer um trabalho na biblioteca da faculdade, e após ver certas atitudes extremamente desagradáveis lá, me motivei a escrever algumas pequenas considerações sobre certos comportamentos não tão educados de algumas pessoas lá.

O primeiro deles: usar os terminais de consulta para fazer tudo, menos para procurar livros. Em um período de algumas horas, vi algumas pessoas usando esses para baixar músicas, para ficar horas e horas passeando no Facebook ou no Orkut, para fazer trabalhos, entre outras coisas. Aparentemente, não existem outros lugares para isso (nos laboratórios de informática é tudo bloqueado, e isso é chato), e quem quer procurar livros pode ir direto ao acervo, não é?

Na universidade onde estudo (e em outras também, acredito) há uma demarcação clara entre os computadores a serem usados para consulta e para pesquisa - isso exclui navegação geral - que pessoas insistem em desrespeitar.

Outro tipo característico, e extremamente chato, é aquele que usa a conexão da biblioteca para baixar filmes (ou qualquer outra coisa) e aproveita o ambiente para assistí-los. Ele dá risadas histéricas, afinal todo mundo quer compartilhar da sua intensa diversão. E se ele não está a fim de assistir nada? A biblioteca é o melhor ambiente para ele jogar online e ficar gritando, narrando tudo que ele vê na tela.


Lembro de uma pessoa que inventou de jogar Colheita Feliz/Mini Fazenda/qualquer outro jogo do momento na biblioteca e simplesmente achou genial convidar seus amigos para darem pitaco no jogo. De biblioteca a lan-house em alguns minutos: versatilidade nunca antes vista para seus ambientes.

E curioso é ver que às vezes, quando certos sites são bloqueados, o ambiente se torna mais agradável: menos bagunçado e com pessoas usando os recursos de forma produtiva.

Também existe o revolucionário, o torcedor, o romântico, pessoas que vêem nas paredes, nas mesas e nos livros um amplo espaço para protestar, homenagear ou mesmo deixar recados anônimos. Escrever contra o sistema, homenagear seu time preferido, declarar amor para uma pessoa cuja existência é duvidosa (queria saber qual o nível de Forever Alone desse), etc... tudo isso pode ser mais divertido que estudar certas matérias.

E ainda por cima, depois pode-se reclamar que falta infra-estrutura, que está tudo sujo, que ninguém cuida do patrimônio público, pode incluir isso tudo na coleção de mimimis.

Já que falei em mimimis, existe um outro tipo que também é extremamente desagradável: aquele que usa a biblioteca para conversar e para chamar a atenção. Seja no celular - invariavelmente com um toque espalhafatoso - seja encontrar os amiguinhos para aquela conversa deliciosa pós-almoço, a biblioteca torna-se um lugar ótimo para você contar cada pedacinho do seu - muitas vezes irrelevante e, de acordo com certos assuntos que já ouvi, até mesmo vazio - dia.

Por fim, o pior tipo (na minha opinião, e acredito que muitos compartilharão dela) é aquele que não assume as consequências de estar com um livro emprestado em suas mãos. Ele suja os livros, ele os risca, ele acha engraçado desenhar bigodes nas fotos e fazer carinhas, sem falar nos sublinhados e nas marcações de texto, ele acha divertido rabiscar nos livros que os outros usarão. (E geralmente, culpa os outros: os outros isso, os outros aquilo, etc... mas isso é assunto para outro post).

Não estamos falando de nenhuma igreja (embora alguns falariam em "templos do conhecimento", metáfora bem razoável), de nenhum lugar santo onde todos sejam obrigados a se comportar impecavelmente e a ficarem perfeitamente quietos, estamos falando de regras de convivência que deveriam ser tão simples e tão triviais - a ponto de ser desnecessário colocar avisos pedindo silêncio

Mas infelizmente, já vi funcionários tendo que mandar pessoas calar a boca na biblioteca, e sinceramente, na hora eu me senti como se eu tivesse voltado ao ensino fundamental. Pensava que as pessoas conseguiam deixar isso para trás quando se formavam, mas não, ainda haviam pessoas que achavam que lá era o melhor lugar para rir alto e trocarem gritos.


(Foto: "Books on a Shelf", disponível em http://www.sxc.hu/photo/492740).

Um comentário:

  1. É, passei por umas situações chatas esses dias também... O mais irônico que foi nas férias, onde, supostamente, quem está na biblioteca não está lá "obrigado"... Mas chegou ao ponto do cara ficar rindo porque eu tava lendo um livro de divulgação na sala de estudos e ele falando alto à beça. Os terminais de consulta geralmente são avacalhados por pessoas externas, já aconteceu de ter grupos grandes de alunos de escola pública lá nos terminais, provavelmente no orkut e afins. Mas pelo menos quanto a pixações e manutenção, esse problema é menos crítico na UFRJ.

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