Frequentemente vemos no Facebook, e em outras redes sociais, gente furiosa com os artistas que estão fazendo sucesso, ficam de mimimi, ficam reclamando que atualmente só tem porcaria, a música boa morreu, e defendem que esses músicos e compositores devem morrer ou sofrer de forma cruel; igualmente, falam da sexualidade deles, falam disso ou aqui. Talvez a música deles realmente não seja um paradigma de qualidade, talvez ela seja algo projetado para vender, mas ainda assim cabem algumas pequenas considerações.
Primeiramente, só existe porcaria musical, e realmente nada atual presta, ou é você que não sabe procurar? Ninguém está te obrigando a ouvir o que está tocando no rádio. Talvez esse argumento colasse há 10 anos atrás, quando a descoberta de novos estilos era muito mais difícil para quem não tinha uma boa rede de contatos, mas hoje não existe mais desculpa para não escolher o que se ouve.
Outra coisa interessante é que eu já vi gente auto-intitulada racionalista, humanista, que diz carregar a bandeira do não ao preconceito, tolerância, paz, defendendo violência contra esses artistas. Como no caso do vocalista do Restart que levou uma pedrada: vi pessoas dizendo que o viadinho colorido (olha o bloco da intolerância aí, gente!) tinha merecido aquilo. Que comportamento interessante para alguém que se diz contra a violência.
E muitas vezes, eles são os mesmos que dizem que a sociedade não sabe interpretar/não está pronta para/não respeita/etc... o estilo deles, que são vistos como bagunceiros, etc... É inegável que existem preconceitos e existe intolerância, mas a resolução deles torna-se muito mais difícil se as vítimas continuarem a apontar a mesma arma que elas odeiam ver apontadas para o grupo delas.
Também, justamente as pessoas que não conseguem tirar o nome do Restart ou do Michel Teló da boca, são as que mais odeiam. Falam neles mais, talvez, do que os fãs desses artistas. Conhecem cada detalhe da vida deles. Interpolam isso em todas as conversas e fazem questão de explicitar seu ódio, mesmo que não tenham perguntado.
Atiram críticas vazias, falaciosas para todos os lados, e se exaltam para estabelecê-las, como numa competição para descobrir quem grita mais alto: caps-lock? Falar gritando e com erros de português? Ataques pessoais? Tudo está lá, pois um argumento sem conteúdo precisa ser embrulhado em uma embalagem chamativa. Falsas dicotomias: se você não odeia, você imediatamente ama, e portanto você também merece tomar pedradas. Xingar todos os membros da família desta pessoa. Interpretações intencionalmente erradas de frases.
Ficam zumbizando, vagando por fóruns, sites de notícias, pelo YouTube, pelo Twitter etc... até aparecer uma notícia ou mensagem na qual elas possam dizer que Fulano é uma porcaria, que Sicrano é um artista comercial, que certo artista não merece o sucesso que ele faz (afinal, lá no Cazaquistão teve um carinha que fez muito mais, morreu com 27 anos e ninguém lembra dele - e se você não conhece, você é o alienado ignorante) , e que apenas o estilo dessa pessoa é o verdadeiro (foi nessa mesa que pediram uma falácia do escocês?).
Sim, acho a música de muitos artistas atuais extremamente enjoativa e chata. Simplesmente não os ouço, eles não me ouvem, não perco nada e não ganho nada, e continuo a vida, procurando coisas das quais eu goste, e não que eu odeie. E o melhor nessas horas, como já aprendi, é ficar longe da linha de fogo, e mais longe ainda da audiência.
A música deles não é de qualidade? Primeiramente, conceitue qualidade e defina métricas para dizer que música (ou qualquer outra arte) é boa ou ruim. Critérios objetivos e mensuráveis, que possam ser avaliados por qualquer observador. Ficou um tanto óbvio que aquilo que uma pessoa subjetivamente julga como bom pode ser visto como ruim para outra pessoa, não?
Ah, mas não tem técnica. Já ouvi músicos com técnica perfeita mas que não me agradaram em nada: achei a música deles desagradável, não fez meu estilo, simplesmente não gostei. Deletei o CD ou fechei o vídeo e continuei minha vida. Se apenas a técnica bastasse, qualquer pessoa que soubesse gramática e ortografia poderia escrever textos de excelente qualidade, por exemplo.
Ah, mas é comercial, música feita para vender. Hein? Gravadoras, rádios etc... são negócios e têm a missão de dar lucro para seus funcionários. Elas têm a obrigação de disponibilizarem aquilo que dá retorno para elas, e você tem a liberdade de não consumir os produtos delas.
O mimimi hater do só existe porcaria não cola mais, exceto para quem quer continuar nessa condição: um idiotinha que percorre a internet procurando formas de demonstrar que sim, ele odeia, que sim, ele não é alienado. Que ui, ele é revoltado, ele odeia os coloridos viadinhos. Em vez de ficar reclamando, saia da porcaria do hating e de ficar dando atenção para o que você mais odeia, e vá procurar coisas que você goste.
P. S. : não, você não tem a missão de evangelizar os outros para o que você gosta.
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