terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

tiop açim, comofas pRaH voushÊ eXcReVeh AxIm///

É, cada vez mais me convenço de que eu parei no tempo. Ainda escrevo certo, ou ao menos tento, em fóruns, Orkuts, IRC e no quase-nada que eu uso de MSN, e não consigo entender o vocabulário e a gramática da maioria das comunicações dos jovens atuais na internet.

Comecei na internet há uns 8 anos atrás, na época do IRC, do ICQ e do "oi, quer tc?", onde o máximo que fazíamos de abreviaturas era um 'vc', 'tb' ou 'pq'. Tudo bem, até dá para entender intuitivamente, pelo contexto, e IRC/ICQ/bate-papo eram meios de comunicação bem mais limitados que os de hoje. E principalmente: economizavam teclas, e evitavam problemas de compatibilidade de caracteres em ambientes internacionais (para evitar que um "você" chegasse "vocú" na outra ponta).

Os anos se passaram. Evoluímos tecnologicamente. Hoje, IRC é para nerds/geeks/hackers (os de verdade, não os ráquio) e ICQ ainda tem algumas poucas almas usando. Os canais preferidos de comunicação tornaram-se o MSN e o Orkut, graças à facilidade de uso e à popularização da internet (a tal da "inclusão digital").

E, junto com essas facilidades, as miguxas se proliferaram. Basta começar a conversar com uma delas para ver e se perder na complexidade criptográfica do seu código. Uma proliferação de letras X, "miguxo", letras dobradas ou triplicadas, símbolos encontrados no Mapa de Caracteres do Windows, emoticons piscantes no MSN, uma excelente forma de esconder segredos de Estado. Fico imaginando as redaç... ops, aX rEdAxõINs dExAs PeXoAs.


Figura1: Perfil, devidamente anonimizado, de uma miguxa no Orkut. Repare no uso de símbolos e caracteres especiais, para um efeito de ilegibilidade completa.


Já há, inclusive, uma gramática miguxa:
* Substituição de s e c por x, simulando a palatização da fala infantil: você, vocês> vuxeh vuxeix;
* Omissão de diacríticos, ou sua substituição, em alguns casos, pela letra h (acento agudo) ou n/m (til): será, árvore, não> serah, arvore, nawn/naum
* Substituição de i por ee, por influência da língua inglesa: gatinha> gateenha;

* Substituição de o ou e por u e i, em especialmente em sílabas não-tônicas: quero > keru.
* Substituição do dígrafo qu e da letra c por k, e de u não-silábico por w: quem, escreveu > kem, ixkrevew
(fonte: Wikipédia)

Qual é o objetivo desse tipo de fala? Economizar digitação? Se for, lamento, mas só o esforço que a miguxa faz apertando Shift ou Caps Lock para DIGITAR MAIÚSCULAS já acaba com a economia, além de te deixar com cara de EU TÔ GRITANDO! NÃO TÁ VENDO?

Parecer "cool" ou "fofa"? É, pra pessoas sem personalidade, escrever errado os milhões de frases clichê que vemos por aí é o único jeito de tentar ser "FoFiS" ou "lEkAl". Mesmo que isso te faça parecer uma criança, "eh bAkNa".

Depois dele, nasceu o "tiopês", o miguxês 2.0 PÁUER! Os erros forçados de português, de tal forma que a primeira frase vira "Deps deel , nasel o "tiopês", o migushês da Web dos.zero.". Me chamem de careta, podem chamar, eu já estou acostumado, mas onde está a graça em digitar errado, de forma sistemática e nada espontânea? Não se ensina mais digitação para quem está aprendendo informática?

Alguém me explica por quê a arte esquecida de escrever razoavelmente certo e não ser espalhafatoso(a) é tão difícil de praticar? "Por falta de conhecimento" não é uma desculpa adequada, visto que há muito material de consulta disponível na internet. Por favor, fechem os Orkuts e os MSNs e dirijam-se ao Google e à Wikipédia na tentativa de aprender um pouco do idioma antes de estuprá-lo. Falar errado não te deixa cool nem fofix. Ou, em uma linguagem que as miguxas entendem: FaLaH eRrAdUh NAuM ThI DeXa CoOl NeIm FoFiX. (isso cansa pra escrever)

ouvindo: Edguy - Heart of Twilight

2 comentários:

  1. O que mais me irrita seria a repetição de letras (principalmente vogais) e a alternância de caixa, mas não me importo que escrevam tudo em caixa baixa.

    No mais, deixe essa geração de foder sozinha.

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  2. Não concordo com o Igor. Responsabilidade por responsabilidade, é responsabilidade dos conscientes cortar os males que porventura possam vir pela raiz que temos hoje. A valorização da não-cultura é um desses males, na minha opinião. De certo modo, essa mudança na grafia do português na internet tem um quê de transgressão, dessa valorização do não-ter-cultura, além do mais ou menos óbvio: a inclusão em um grupo, o dos "descolados que escrevem errado", a "meiguização" de quem escreve como um bebê fala e outras coisas mais. Porém, na minha opinião, o mais determinante é a valorização do sem-cultura.

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