sexta-feira, 20 de março de 2009

A TV mais cara do mundo. Mas tudo bem, é status

Apesar da crise financeira, muitos gadgets continuam a ser lançados. Alguns poucos relativamente interessantes (mas nada que chegue a ser encantador), mas muitos outros fúteis. Como é o caso dessa TV de plasma de 103 polegadas, que custa módicos 136,220 dólares, ou R$ 308 mil (conversão feita pela cotação do dólar em 20/3/2009).

Ela conta com controles de altura automáticos, de forma que o magnata comprador possa ajustar a posição da TV sem ter que largar seu copo de uísque, suas porcarias comestíveis e seu charuto cubano para regular a TV ou chamar um dos empregados para ajustar móveis. Até aí muito bem.

Agora, me expliquem: qual o sentido de gastar 308 mil reais em um televisor, e mais os muitos mil reais que serão precisos para montar uma sala adequada, comprar equipamento, um player DVD e/ou Blu-Ray adequados e discos originais (ou vai querer dar uma de "ó, eu tenho mânei, num tenho o que comer mas comprei uma TV di prásma" e ir no camelô fazer a festa nos DVDs "5 por 10 reáu")?

Realmente, das duas, uma: quem compra uma dessas é porque tem dinheiro sobrando (como ela veio a obter tal riqueza, especialmente em época de crise, não é relevante no momento) ou quer se achar (na perfeita definição do consumismo: "comprar o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para deixar com inveja as pessoas de que não gosta").

Também não é só isso, ela vem com vários falsos amigos de brinde: fico imaginando uma pessoa metida a nova-rica comprando uma dessas e convidando os amigos (da TV, não da pessoa) para irem assistir ao Big Brother ou o futebolzinho de domingo na casa dela. Todo o povo reunido na frente dela, babando e querendo ter uma (apesar dela, então, deixar de ser "única").

Além disso, jogue na conta um sistema de alarme, pois sua residência será a mais visada (isso é, se os ladrões conseguirem levar o aparelho) e o consumo de energia elétrica (uma TV de plasma de 42" consome cerca de 300W, se assistirmos um filme de 2h por dia teremos um uso de 60h * 300W = 1,8kWh, agora escalone esse valor para o modelo de 103", pegue a conta de luz, procure o preço do quilowatt/hora e multiplique - para referência, esse notebook em que digito esse post consome 90W no máximo, segundo o carregador). Ainda vale a pena ter uma dessas, sem ser para poder dizer ó, minha TV é maior que a sua? Acho que não, há muitas coisas mais interessantes para serem feitas, que gastam menos energia e dão mais resultados.

É interessante ver como, mesmo em tempos de crise, ainda há demanda por desnecessidades como essa, pois se há um produtor, espera-se que haja um consumidor. E é mais interessante ainda ver uma pessoa disposta a torrar o preço de um pequeno avião usado [1] para poder contar vantagem, ou só para ficar afundando na frente de uma tela, ou mesmo pela necessidade de esbanjar, pela falta do que fazer com o dinheiro. É o preço que se paga pela fineza, mesmo que um aparelho que custa 5% do preço faça a mesma coisa. Mas tudo bem, é status.

Um comentário:

  1. é,se fabricam eh pq ainda tem comprador.
    vamos deixar d ser hipocritas,todo mundo quer ter uma dessas.

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