quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mimimi pseudo-ativista

Recentemente, vimos o caso de uma pessoa que matou um cachorro de forma violenta, assim atraindo a ira de milhares de pessoas que clamam, com os olhos cheios de sangue, por vingança. (Quem é o animal irracional violento agora, por sinal?). É a galera metida a boazinha, a pseudo-ativista.

São os mesmos que compartilham fotos de animais mutilados, esperando uma tal "consciência" acontecer, mas logo depois colocam fotos daquele churrasco de domingo, esquecendo-se do sofrimento que ocorre na indústria da pecuária - tanto para animais quanto para os que nela trabalham, como no caso da Brasil Foods, uma das maiores produtoras de proteína animal do mundo (que orgulho para o agronegócio brasileiro!).

São os mesmos que protestam por paz, que rezam todas as noites para o fim da violência, que participam de marcha contra isso e aquilo, mas não hesitam em apontar o dedo para os outros e usar o nome de Deus ou de Jesus como racionalização de seus preconceitos. Ou mesmo desejar vingança, se igualando àqueles que eles desejam combater - cadê o Deus é amor?

Participam de marchas contra a corrupção dos outros, mas não perdem a oportunidade de passarem a perna em alguém, de mentirem para o chefe, de comprarem coisa pirata/contrabandeada e acharem que estão fazendo um grande negócio. A corrupção dos outros é um problema, a minha "não dá nada".

Reclamam de machismo, de homofobia, de falta de tolerância, de racismo, mas não perdem a oportunidade de destilarem comentários cancerígenos sobre aquele viadinho que tá andando com o filho deles, ou aquele pretinho que atendeu ele outro dia. Se é para se misturar com a gentalha, então? Impossível: eles querem produtos diferenciados para a gente diferenciada

Plantam arvorezinhas, assinam protestos contra Belo Monte, "abraçam" uma "sustentabilidade", mas tudo é descartável, tudo é enlatado ou comprado congelado, todas as refeições têm que ter carne, e são vítimas certeiras da obsolescência programada. Desperdiçam energia, jogam lixo em lugares inadequados, produzem lixo em excesso, e depois reclamam do meio-ambiente. 

Cospem um discurso pronto, que já vem de brinde com o kit-reacionário: Bolsa-Família é sustentar vagabundo com o dinheiro da sofrida classe média. País dos impostos. Bandido bom é bandido morto. Ditadura gay (estranho que nunca vi alguém dizer que as leis anti-racismo são ditadura negra ou que a lei Maria da Penha é ditadura feminina). Moral e bons costumes. Estudante que protesta é vagabundo.

(Já que eu falei em estudante que protesta é vagabundo, lembram da ocupação da reitoria da UFSM? Pois bem, muitos dos que a criticavam duramente, hoje se beneficiam daquilo que foi obtido com ela. Irônico, né?).

O pseudo-ativismo torna-se uma excelente forma de parecer engajado, consciente, e outras platitudes do mesmo naipe. E tenta arrastar ao máximo outras pessoas para seu círculo: quem não entra é irresponsável, é inconsciente, é ignorante, é tudo o mais. Tudo a ver com as palavras de amor que ele deseja, com a paz que ele tanto quer... ou não.

Um comentário:

  1. Poxa Renan, falou bem. Eu estava justamente falando disso estes dias, mas isso aqui vai completar bem. Realmente, é muito bonito falar de como os outros são ladrões, como os políticos roubam e blá blá, mas quando tem a mínima oportunidade, estão furando filas, comprando produtos falsificados, dando um "jeitinho" na alfândega, enfim. Parabéns aí pela iniciativa, abraços! Ah, bem que quando tivesse um tempo poderia falar desta questão Natal: "Tradição" X COnsumo.

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